Números divulgados no Informe Executivo de Energias Renováveis de maio, pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), na abertura da Bahia Farm Show, nesta terça-feira (28), revelam que a Bahia, sozinha, é responsável por 26% da capacidade instalada de energia eólica do país. O dado ajuda a entender porque o estado assumiu o protagonismo nacional nos últimos 10 anos, no seguimento de renováveis.
“Na última década, a Bahia organizou um parque industrial voltado para produção de equipamentos, consolidando esta terra como principal polo nacional na fabricação de componentes e criando empregos qualificados para as indústrias. Além disso, implantou parques pelo sertão, onde se localiza grande parte do potencial do estado, levando desenvolvimento econômico ao interior, com arredamento de terras, movimentação econômica e compatibilização com a geração de energia limpa”, afirma João Leão, vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado.
Só no setor Eólico, o estado tem 156 parques em operação (3.927 MW), com R$ 15,1 bilhões já investidos e mais de 58 mil empregos gerados. A Bahia tem ainda 38 parques em construção (562 MW) e 47 em construção não iniciada (962 MW), onde estão previstos investimentos de R$ 6,9 bilhões e geração de 22,8 mil empregos diretos e indiretos.
São 24 municípios beneficiados pelos parques eólicos: Brotas de Macaúbas, Sobradinho, Guanambi, Igaporã, Caetité, Sento Sé, Morro do Chapéu, Cafarnaum, Pindaí, Campo Formoso, Gentio do Ouro, Bonito, Casa Nova, Mulungu do Morro, Brumado, Dom Basílio, Xique-Xique, Umburanas, Várzea Nova, Ourolândia, Riacho de Santana, Licínio de Almeida, Urandi e Souto Soares.
Os ventos são o segundo recurso mais utilizado no Brasil para a geração de energia elétrica e já são mais de 15 mil MW de capacidade instalada, de acordo com dados da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). São 612 parques eólicos, em 12 estados, com mais de 15 mil MW de capacidade instalada. Destes, 86% estão no Nordeste e a Bahia é responsável por 26%, ocupando o segundo lugar no ranking de geração. Mas a perspectiva é passar o Rio Grande do Norte ainda este ano. Em número de parques e em comercialização nos leilões de energia, a Bahia, contudo, já lidera o segmento.
No acumulado entre 2012, quando o primeiro parque entrou em operação no estado, e 2018, o estado acrescentou 3.526 MW de potência instalada na rede elétrica, energia capaz de beneficiar cerca de 270 milhões de habitantes – equivalente a 18 vezes a população baiana, que atualmente corresponde a 14,8 milhões de habitantes, segundo o IBGE. Só em 2018, o estado acrescentou 1.258 MW de potência instalada.
De acordo com Elbia Gannoum, presidência executiva da ABEEólica, a energia eólica tem uma trajetória virtuosa de crescimento sustentável no Brasil, compatível com o desenvolvimento de uma indústria que foi criada praticamente do zero no país, sendo um grande desafio deste período. Ela destaca que neste cenário, a Bahia tem certamente um lugar de destaque, já que hoje está bem perto de completar 4 GW de capacidade instalada e já tem mais de 150 parques. Até 2023, o Brasil deve completar pelo menos 20 mil MW de capacidade instalada, considerando os leilões já realizados.
“Estou certa de que seguiremos crescendo. Com mais leilões, esse número será ainda maior. Sempre que falamos de contratações e do futuro da fonte eólica no Brasil, gosto de reiterar um conceito muito importante: nossa matriz elétrica tem a admirável qualidade de ser diversificada e assim deve continuar. Cada fonte tem seus méritos e precisamos de todas, especialmente se considerarmos que a expansão da matriz deve se dar majoritariamente por fontes renováveis. Do lado da energia eólica, o que podemos dizer é que a escolha de sua contratação faz sentido do ponto de vista técnico, social, ambiental e econômico, já que tem sido a mais competitiva nos últimos leilões”, diz Elbia.
Linha do tempo
Em 2009, a Bahia participou do primeiro leilão de energia eólica da Aneel, quando emplacou na época 18 dos 71 projetos aprovados. Em 2011, foram implantadas duas indústrias de equipamentos, a GE/Alstom e a Siemens/Gamesa. No ano seguinte, a primeira eólica entrou em operação. Em 2013, mais duas fábricas foram implantadas, a Nordex/Acciona e a Torrebras. Foi lançado também o Atlas Eólico da Bahia, que já prevendo o crescimento de potência dos aerogeradores, trazia o mapeamento do potencial dos ventos para torres de até 150 metros de altura, com objetivo de servir como instrumento de planejamento energético e de atração de investimentos para o setor. Em 2014, entrou em operação a primeira eólica comercializada em mercado livre. No ano seguinte, mais duas fábricas se implantaram, a TEN e A Wobben, em 2016, foi a vez da Tecsis. Em 2018, a Bahia ganhou o mapeamento do potencial híbrido no Atlas Solarimétrico da Bahia.
Energia solar
A Bahia é destaque no setor solar fotovoltaico no país. O estado possui um alto potencial de geração com excelentes níveis de radiação solar, além de ter uma ampla área para a instalação de usinas na região do semiárido.
Líder nacional com 25,17% da comercialização de parques nos leilões da Aneel, o estado possui 24 parques em operação, com 636 MW de capacidade instalada e mais de 1,9 milhão de módulos fotovoltaicos. R$ 3,1 bilhões já foram investidos e cinco municípios beneficiados – Tabocas do Brejo Velho, Bom Jesus da Lapa, Juazeiro, Salvador, Guanambi e Itaguaçu da Bahia.
Foram gerados mais de 18 mil empregos diretos e indiretos na fase de construção dos parques que já estão em operação. Até 2021, mais 5 parques (142 MW) devem entrar em operação, com previsão de R$ 737 milhões em investimentos e 4,2 mil empregos diretos e indiretos.
Em março deste ano, a média do fator de capacidade da Bahia foi de 25,8%. O índice significa o quanto foi aproveitado do sol para geração de energia. A geração foi de 121 mil MWh/mês, capacidade para abastecer cerca de 1 milhão de residências e beneficiar cerca de 3 milhões de habitantes. O estado tem 1.305 GW de potência instalável por 57,8% do território baiano. Até 2027 haverá acréscimo no sistema de 12 mil MW referente a usinas eólicas e solares e 50% desse potencial entrará na Bahia.
O segmento solar traz ainda duas novidades. A Bahia abriga o primeiro laboratório de placas fotovoltaicas do Norte e Nordeste, com mais de R$ 4,5 milhões em investimentos. O labsolar oferece simulador solar flash e contínuo e sala de testes físicos. O Estado possui um grande potencial para atrair indústrias de equipamentos, sobretudo pela existência de uma jazida de sílica de Santa Maria Eterna, no Sul do estado (município de Belmonte). A jazida é a única no Brasil que atende ao mercado de alta tecnologia, necessária para fabricação de vidros extra clear.
A SDE divulga mensalmente o Informe Executivo de Energias Renováveis, contendo um balanço detalhado do setor no estado.
Veja dos dados de Eólica: https://bit.ly/30QmqbN
E os números de Solar: https://bit.ly/2Qwh8gx