A transição energética para o crescimento das energias renováveis passa necessariamente pelas smart grids, as redes elétricas inteligentes, com equipamentos automatizados que permitem controlar com eficiência os diversos fluxos da eletricidade. Alinhada à sua estratégia de contribuir com a descarbonização e a inovação no setor, a Neoenergia, empresa controladora da Coelba, está desenvolvendo sensores inteligentes para redes elétricas de 69 kV, em alta tensão, com tecnologia nacional. A iniciativa faz parte do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e tem como parceiros neste projeto o Instituto Lactec e a Tecsys.
Os sensores criados no projeto monitoram as principais informações das linhas, como corrente, fator de potência e corrente de surto. Além disso, identificam faltas de energia de forma automática. “O nosso objetivo é de desenvolver uma tecnologia nacional, que acelere o processo de modernização das nossas redes e contribua com a inovação no setor elétrico nacional. Esse sensor inteligente tem entre as suas vantagens melhorar a qualidade dos serviços para os clientes, já que permite a solução de problemas de forma rápida e assertiva”, afirma o gerente corporativo de Pesquisa e Desenvolvimento da Neoenergia, José Antônio Brito.
O aparelho é formado por três sensores, sendo um para cada fase da rede elétrica, e uma unidade concentradora, instalada no poste ou estrutura da linha de transmissão. Os sensores e a concentradora se comunicam por radiofrequência. A concentradora envia periodicamente todas as informações medidas pelo conjunto para o Centro de Operações, por meio de rede celular, rádio, satélite ou fibra ótica.
O primeiro equipamento para testes foi instalado na Bahia, no município de Barreiras. Outras nove unidades serão testadas, as próximas em Itapeva e Votuporanga, cidades em São Paulo que estão na área de concessão da Elektro, empresa do Grupo Neoenergia.
O equipamento envia para o Centro de Operações da distribuidora um alarme de falta de energia ou de eventuais problemas. Esse alerta aponta a localização exata, levando a uma resolução mais ágil. Além disso, a tecnologia nacional que está sendo desenvolvida pela Neoenergia, envia as informações sobre a rede periodicamente para monitoramento, um diferencial, já que outros modelos disponíveis no mercado, em geral, indicam apenas a falta de energia. O sensor informa ainda as suas condições de funcionamento, como estado da carga das baterias e alarmes para manutenção.
Com esses dados, a distribuidora pode agir de forma mais rápida caso haja um problema na rede, reduzindo o tempo de interrupção no fornecimento. Dessa forma, o uso do sensor pode refletir na melhoria da qualidade dos serviços, representada pelos indicadores estabelecidos pelo órgão regulador: DEC (Duração Equivalente de Interrupção) e FEC (Frequência Equivalente de Interrupção), ou seja, tempo e frequência que os consumidores ficam sem o serviço se houver uma falha. Além disso, com o monitoramento dos dados sobre a rede de forma automatizada, o novo equipamento possibilita a medição de perdas elétricas.
Média tensão
Em outro projeto, a Neoenergia desenvolveu um modelo pioneiro de sensor inteligente para redes de média tensão, até 34,5 kV, que teve a sua comercialização iniciada em 2016. Hoje, a companhia já possui 2.245 conjuntos de sensores inteligentes instalados em quatro distribuidoras, sendo 1.359 na Coelba, 574 na Celpe, 140 na Cosern e 172 na Elektro. “O nosso objetivo é de fomentar o desenvolvimento de tecnologias que possam ser utilizadas tanto pelas nossas concessionárias quanto pelo mercado, contribuindo com o setor elétrico nacional ao criar produtos eficientes e com custos mais baixos”, afirma José Antônio Brito.
As duas iniciativas integram um projeto da Neoenergia para o desenvolvimento de tecnologia nacional para redes elétricas inteligentes, que engloba produtos como o qualímetro, equipamento para aferir a qualidade da energia entregue aos clientes, ou o concentrador multilink, um aparelho que serve como um elo entre equipamentos em campo e os centros de operação e datacenters.