A partir desta terça-feira (4), a Zona Azul de Salvador dará início a mais uma evolução: a extinção das cartelas de papel para dar lugar à cobrança em formato eletrônico, com aceitação de pagamento através de dinheiro ou cartões de débito e crédito pelos guardadores de veículos, que se tornarão operadores de vagas.
A iniciativa municipal teve os detalhes apresentados pelo prefeito ACM Neto e pelo superintendente de Trânsito de Salvador (Transalvador), Fabrizzio Muller, nesta segunda-feira (3), no Palácio Thomé de Souza. A medida é parte integrante do programa Salvador 360, eixo Cidade Inteligente.
Desenvolvido em parceria com o Sindicato dos Guardadores de Veículos do Estado da Bahia (Sindguarda), o sistema, que surge após a implantação da Zona Azul Digital, funcionando já com 11 aplicativos cadastrados, atende a uma demanda da própria categoria profissional e também da população. As duas primeiras áreas a extinguirem a cartela física serão a Barra e o Rio Vermelho.
A previsão é de que, até outubro deste ano, a medida seja aplicada em todas as áreas da cidade. Nos primeiros 20 dias, a cobrança será feita apenas em dinheiro, enquanto é finalizado o ajuste das máquinas ao sistema bancário.
Fase final – O prefeito lembrou que a iniciativa é a fase final do processo de implantação da Zona Azul Digital da cidade, com modelo que considerou a manutenção do trabalho do guardador, existente desde a década de 1970.
“Em uma primeira etapa, foi implantado o aplicativo para facilitar a vida do usuário. Quando foi escolhido esse modelo, a ideia foi compatibilizar o uso do aplicativo, que pode ser utilizado diretamente pelo cidadão, com a presença dos guardadores na rua, que são pais e mães de família que têm o direito de ter o próprio trabalho, o ganha pão”, relatou ACM Neto.
Ele ainda destacou outros benefícios com a medida. “Será uma relação diferente entre os cidadãos e os guardadores. Até outubro, todos os trabalhadores terão maquininha, estarão fardados e poderão ser claramente identificados pelo usuário, que só deve se dirigir a eles. Também estamos capacitando essas pessoas para que possam prestar um serviço de mais qualidade nas ruas de Salvador”, completou o prefeito.
Funcionamento – A nova atuação ocorrerá da seguinte forma: ao chegar à vaga, o usuário que não quiser utilizar um dos 11 aplicativos disponíveis da Zona Azul Digital poderá ter auxílio do operador, que terá à mão uma máquina portátil com GPS para registro do veículo na vaga, pagamento e emissão de comprovante, gerado pelo Núcleo de Operação de Estacionamentos (NOE). Este comprovante, em formato tíquete, não precisará ser deixado no carro, ao contrário da cobrança por cartela de papel.
A fiscalização será feita pelo agente de trânsito nos mesmos moldes do que já é praticado para quem utiliza aplicativo. Ou seja, ao fazer a leitura da placa no sistema, verificará se a situação do veículo no local está regular ou não.
Objetivos – O superintendente da Transalvador explicou que o objetivo inicial do processo de Zona Azul Digital foi diminuir a evasão de recursos, assim como evitar cartelas falsificadas e extorsão por guardadores clandestinos, melhorar a distribuição ou mesmo solucionar a falta de cartelas, possibilidade de rastrear a atuação dos guardadores e diminuir a obrigatoriedade do cidadão de pagar com dinheiro, evitando problemas com falta de troco, por exemplo.
Além disso, há também um novo fardamento que vai permitir mais segurança aos trabalhadores, dando mais conforto, visibilidade e diferenciação com relação aos clandestinos.
O Zona Azul Digital também permitiu outros avanços desde o início da implantação. “Há mais um ano foi montada toda uma estrutura, com criação do Núcleo de Operações para Estacionamentos (NOE), sistema de gestão para dar mais transparência e controle ao sistema de Zona Azul, foi feito o chamamento onde foram cadastrados 11 aplicativos em operação na cidade, reforço na fiscalização e, agora chegam ao último momento com a atualização do Sindguarda”, concluiu Muller.
Aprovação – Presente na ocasião, o presidente do Sindguarda, Melquisedeque Santos, afirmou que a ação vai facilitar bastante o trabalho dos profissionais. “Melhora muito a situação deles, porque vão ter uniforme, maquineta e, principalmente, se diferenciar dos clandestinos. As cartelas já estão ultrapassadas, muitos flanelinhas usavam o material para extorquir o usuário. Os guardadores vão ser muito valorizados com essa mudança.”
Há quatro anos atuando na região do Rio Vermelho, o guardador Raimundo Jorge, 59 anos, afirmou que o novo sistema vai dar uma nova imagem à categoria. “Por causa dos clandestinos, os guardadores são vistos da mesma forma, como pessoas sem educação e sem escrúpulos. Com essa nova gestão, vai dar mais segurança pra gente. Na capacitação, aprendemos principalmente como se dirigir ao cliente e ter autocontrole com clientes mais exaltados”, opinou.