Inegável a propulsão tomada pela pré-campanha de Jerônimo Rodrigues (PT) após o contragolpe que envolve o MDB, Geraldo Júnior e a Câmara de Salvador. Mas, principalmente, a visita do ex-presidente Lula (PT) foi a maior responsável. A bênção necessária de fato aconteceu e os mais céticos dos mais céticos da política reconhecem um embalo que faltava ao nome do PT em algumas regiões.
Por mais que ACM Neto (UB) defenda a desnacionalização da disputa, ela se coloca a cada dia evidente no reflexo junto ao povo. A cúpula petista – vide Jaques Wagner (PT) e Rui Costa (PT) – é possuidora de uma certeza de vitória no primeiro turno e uma reação nas pesquisas até maio. Novos levantamentos devem ser encomendados na segunda quinzena de abril para medir em números esse real impacto já visto em algumas frentes.
O choro de Rui pela lealdade a Wagner diante das especulações de um eventual racha entre criador e criatura e a fala de estreia de Geraldo Júnior foram dois de alguns fatos importantes no evento da quinta-feira (31).
Essa atitude teria surpreendido até o próprio ACM Neto que também esperava “porradas”. Pelo contrário: passou batido. Ao ponto da coletiva de imprensa ter sido derrubada com uma centena de jornalistas ávidos por declarações lulista sobre o ex-prefeito de Salvador, a chegada do MDB ou o rompimento com João Leão (PP).
Lula também deixou claro ainda não ter um entrosamento com a chapa do Executivo, mas mostrou ser diferente com Otto Alencar (PSD), pré-candidato à reeleição ao Senado, cujo prestígio com o petista tem andado em alta.
Por falar nesse jogo, o aniversário de 60 anos de Eleusa Coronel, esposa do senador Coronel, foi o comentário do fim de semana. A foto de Jerônimo e Neto, com o ex-secretário da Educação “trolando” com o “L” de Lula, foi a repercussão da vez. O clique, pelo sabido, foi do deputado estadual Junior Muniz que está de volta ao PT. Para muitos, o “L” de Lula foi a história de bandeja à Roma que quis imputar a campanha de Lula a Neto, algo que contraria a tática petista de colocar o BolsoNeto (o deputado Samuel Araújo que o diga). Para outros a foto repercutiu a favor de Jerônimo pela brincadeira que ajudou a correr sua imagem.
Por mais que pensem contra ou a favor do discurso ou da foto, fato inegável foi o domínio de Lula no noticiário local da política da última semana. Isso mostra que vai ser muito difícil a Neto emplacar a desnacionalização do voto casado. Jerônimo tem um trunfo que Rui não teve: a possibilidade de ter Lula na urna. Neto vai ter que correr por fora para frear essa bola de neve. Se vai conseguir, só dia 2 de outubro para dizer.
* Victor Pintoé editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. Twitter: @victordojornal