evoltada com um caso de negligência médica no atendimento a uma gestante no Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), no bairro de Brotas, em Salvador, a fraturista Jamile Gonçalves de Alcântara, 33 anos.
Em entrevista à reportagem do site bocão news, ela relata que a amiga, Ana Cristina da Silva Machado, 31 anos, com histórico de gravidez de risco, por diversas vezes procurou a unidade queixando-se de fortes dores, no entanto, não recebeu atendimento médico. Após as tentativas de internamento, o bebê nasceu morto na quinta-feira (18).
“Ela teve complicações na antiga gestação. Os médicos do Iperba, onde ela fazia o pré-natal, sabiam que era uma gravidez de risco. Mesmo assim, foi tratada como uma gravidez normal”, lembra a amiga da paciente.
De acordo com Jamile, as complicações iniciaram no dia 10 de janeiro. “Ela levou um tombo. As pessoas que passavam na rua tomaram um susto e prestaram socorro. Ela foi levada para maternidade. A médica não ouviu o coração do bebê, não deram suporte com relação a ambulância, e mandaram ir para a UPA de Brotas, dizendo que era problema ortopédico. Na UPA, foi feito raio X e ficou constatado que não tinha fratura nenhuma”, detalha.
Após o acidente, segundo Jamile, a gestante passou a sentir fortes dores pélvicas. “Como ela nunca teve parto normal, não sabia distinguir que dor era. Voltamos para lá no dia 16, com ela sentindo muitas dores. A médica disse que não era hora do bebê nascer, mesmo sabendo que ela era hipertensa, que não tinha dilatação. Minha amiga não passou por ultrassom, nem ouviram o coração do bebê”, conta.
Na quinta-feira, as dores nos quadris ficaram mais intensas e a gestante retornou para unidade médica. “Eu pedi às pessoas que deixassem ela passar na frente delas. Deixaram. Outra médica estava no plantão do Iperba e solicitou exames. Quando foi fazer o ultrassom, de uma forma muito ríspida e grosseira disseram ‘não tem vida, seu bebê está morto. Não há batimento’. Aí, toda atenção foi voltada para ela, depois que o bebê estava morto. Ela teve hemorragia, enfrentou três horas de cirurgia naquele abatedouro. Agora, está fazendo transfusão de sangue”. Jamile acrescentou ainda que foi solicitada uma necropsia para saber há quanto tempo o bebê estava morto.
Um vídeo, enviado para reportagem, mostra a grávida na recepção da unidade após ser informada sobre a morte do filho.
O site BNews solicitou um posicionamento da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), por meio de sua assessoria, o órgão informou que “o caso está sendo apurado pela Comissão de Óbito do Iperba e todos os esclarecimentos serão prestados a família”.
Leia a nota da Sesab na íntegra:
A paciente Ana Cristina da Silva esteve na emergência do Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba) no dia 10 de janeiro, com 37 semanas de gestação, referindo contrações uterinas. Foi avaliada pelo profissional médico assim como os sinais vitais da paciente, sendo orientada a retornar a maternidade quando completasse 39 semanas de gestação. No mesmo dia, retornou a emergência referindo queda em via pública. A paciente foi então reavaliada e os batimentos fetais do bebê continuavam normais e Ana Cristina não apresentava nenhuma perda vaginal. Por queixar-se de dor no pé, a paciente foi orientada a procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para avaliação ortopédica, sendo conduzida em um carro institucional do Iperba.
No dia 16 de janeiro Ana Cristina retornou ao Iperba referindo cólicas. Na avaliação médica não foi verificada nenhuma anormalidade.
No dia 18 de janeiro Ana Cristina deu entrada no Iperba para atendimento na emergência. Os seus sinais vitais estavam normais, porém os batimentos cardíacos do bebê estavam inaudíveis. Diante disso, Ana Cristina foi submetida a uma cesariana para retirada do bebê. Ela segue internada com acompanhamento da equipe multiprofissional, inclusive de psicólogos.
O caso está sendo apurado pela Comissão de Óbito do Iperba e todos os esclarecimentos serão prestados a família.