Cerca de 20 marisqueiras e pescadores do bairro de Paripe, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, estão entre os beneficiados da décima etapa do programa Todos pela Alfabetização (TOPA), que é realizado pela Secretaria da Educação do Estado, em parceria com o Governo Federal. Após a jornada de trabalho, que se inicia antes do dia amanhecer, catando mariscos ou pescando debaixo de sol ou chuva, eles substituem instrumentos de trabalho como espátulas, baldes, redes e anzóis, por outros como lápis, borrachas, cadernos e livros, nas aulas realizadas à noite. A dupla jornada de atividades está proporcionando aos pescadores e marisqueiras novas perspectiva de vida e a realização do sonho de aprender a ler e a escrever.
Este é o caso da marisqueira Rosemare Santana Costa, 54, que dedicou a vida aos cinco filhos e só agora está tendo a oportunidade de entrar em uma sala de aula. “Já aprendi a juntar as letras para ler as placas dos ônibus e isso é muito bom, porque não fico mais me batendo para identificar qual que eu vou pegar. Estou aprendendo a ler e a escrever, porque quero ser alguém na vida e o meu sonho é ter minha loja de roupa”, revela, entusiasmada.
Cleonice Mota dos Santos, 48, diz que já sabe ler e escrever seu nome e que está animada para aprender por completo. “Aprender nunca é demais, é sempre bom, porque quando a gente aprende a ler e a escrever, abre o horizonte e você viaja sem sair do lugar. Eu estou muito feliz de estar me desenvolvendo e, aos poucos, eu chego lá”, afirma a marisqueira que, além de mariscar, também trabalha com a venda dos produtos de porta em porta.
Quem também está contente com as aulas do TOPA é o pescador e marisqueiro Greicinaldo Dantas, 40, que exerce a profissão desde os 13 anos de idade. “Me sinto realizado quando aprendo a ler e escrever uma palavra nova. Quando eu aprendi a escrever meu nome, fiquei muito feliz. Gosto muito do trabalho da professora, porque ela tem muita paciência e dedicação com a gente”, salienta.
Para a alfabetizadora e ex-marisqueira Valdíria Bispo, que realiza as aulas em um espaço cedido por ela, o TOPA é um programa transformador. “Eu me empenho muito para chegar ao objetivo, que é fazer com que eles aprendam a ler e a escrever corretamente e fico muito feliz com o reconhecimento deles, pois ficam muito satisfeitos quando conseguem aprender uma nova palavra. O TOPA tem a função de agregar e incluir essas pessoas e que me veem como exemplo, pois já fui marisqueira e sei o que eles passam na rotina de trabalho”, destaca a educadora, que atua no programa desde a primeira etapa.