Autor da delação premiada que abalou as estruturas do Palácio do Planalto, o empresário Joesley Batista declarou, nesta semana em entrevista exclusiva à revista Época, que o presidente Michel Temer “é o chefe da maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil”.
Ele deu detalhes de quando conheceu Temer, entre 2009 e 2010, “através do ministro Wagner Rossi”, e disse que desde então sustentava relação de troca de favores com ele seu intermediários do PMDB, grupo, segundo ele, “de mais difícil convívio”. Disse ainda que Temer usa a máquina do governo para retaliá-lo.
“O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não têm limites”, comentou.
Joesley citou também o ex-ministro Geddel Vieira Lima, como o principal interlocutor entre ele o presidente para tratar dos pagamentos de propina para o ex-deputado federal Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Funaro para que os dois, presos pela Operação Lava Jato, ficassem em silêncio.
“Depois que o Eduardo foi preso, mantive a interlocução desses assuntos via Geddel. O presidente sabia de tudo. Eu informava o presidente por meio do Geddel. E ele sabia que eu estava pagando o Lúcio e o Eduardo. Quando o Geddel caiu, deixei de ter interlocução com o Planalto por um tempo. Até por precaução”, revelou.
Joesley chegou a dizer que havia uma hierarquia entre Funaro, Cunha e Temer.
“A pessoa a qual o Eduardo se referia como seu superior hierárquico sempre foi o Temer. Sempre falando em nome do Temer. Tudo que o Eduardo conseguia resolver sozinho, ele resolvia. Quando ficava difícil, levava para o Temer. Essa era a hierarquia. Funcionava assim: primeiro vinha o Lúcio (o operador Lúcio Funaro). O que ele não consegui resolver ele pedia para o Eduardo. Se o Eduardo não conseguia resolver, envolvia o Michel”, declarou.