Rodrigo Luiz Sanchez*
O termo sustentabilidade sempre parece ser bem atual, afinal, cada segundo que vivemos é um pedaço do planeta que perdemos. Contudo, essa ideia surgiu no final do século XVII, quando os países europeus perceberam que poderiam reaproveitar as muitas sobras de madeiras – usadas para as construções de seus navios – para usar futuramente, evitando o descarte delas, dando, assim, um start à era do reaproveitamento.
O conceito de sustentabilidade no âmbito da construção civil carrega um compromisso com toda a cadeia de envolvidos – desde fornecedores, clientes até o consumidor final. São ações que se praticam já no projeto, no andamento e após as construções, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais a fim de garantir qualidade de vida hoje e para as futuras gerações.
Nos grandes centros urbanos, onde o impacto ambiental é severo e em ascensão, o viés dessa tendência é sugerir na planta a preservação do verde, por exemplo. As árvores, plantas, frutíferas e toda área verde que foi preservada em áreas comuns em condomínios, entre uma torre e outra ou até mesmo em corredores são elementos do que foi previsto em um projeto sustentável.
O ESG é uma sigla em inglês (environmental, social and governance) que significa em tradução livre: ambiental, social e governança. A aplicação desse termo na esfera da construção civil consiste em práticas empresariais voltadas aos critérios ambientais, sociais e de excelência em governança empresarial. Além disso, a ESG tem como principal inclinação investimentos com critérios de sustentabilidade.
Os aspectos não-financeiros são abstraídos no molde do ESG, o que é de extrema relevância para uma organização que deseja ser sustentável. Esse modelo tem em sua vertente a abertura de informações e a medição de desempenho da gestão social e ambiental, bem como as práticas de governança de uma empresa. Sua sigla trás a visão financeira, o dinheiro dos investidores que sabem onde irão destinar seu capital.
Sustentabilidade, no entendimento moderno, é mais do que isso. É o pensamento estratégico da companhia, que integra esses aspectos não-financeiros considerados pelo ESG (sociais, ambientais e de governança) ao modelo de negócios voltado à geração de um impacto maior para a sociedade. Porém, a sustentabilidade pode ser lida ainda por muitos como um termo ultrapassado.
A construção civil sustentável se empenha em entregar mais que uma obra, mas sim um compromisso, uma experiência nesse conceito. As intervenções das construtoras visam diminuir ou cessar o aquecimento global, a poluição da água e do ar, as emissões de carbono e o desmatamento. Nessas ações também constam a gestão de resíduos, o reaproveitamento de água e a eficiência energética como elementos-chave durante o ciclo do projeto.
Segundo dados da pesquisa da Amcham (2021), com 178 lideranças de organizações no Brasil, 95% dos entrevistados afirmaram que as suas companhias estão engajadas no ESG, sendo que 37% destes têm um engajamento em planejamento ativo e estão mapeando os pontos a serem desenvolvidos; 31% dizem já ter um engajamento integral e integrado ao negócio, colocando a sustentabilidade na gestão estratégica; 26% vêm construindo este engajamento adotando práticas para minimizar seus impactos socioambientais; e 89% dos interrogados expressaram que já possuem algum nível de investimento direcionado para esse objetivo.
Enquanto a sustentabilidade tem por princípio minimizar os impactos negativos nas ações advindas do homem ao ambiente, o ESG observa os critérios e identifica oportunidades para definir um investimento responsável, sendo atualmente o termo preferido dos investidores e mercados de capitais. E, sim, o ESG está incorporado em sustentabilidade. É a direção de uma organização no sentido de um modelo de negócios sustentável.
*Rodrigo Luiz Sanchez é engenheiro civil e Diretor Comercial da MSB Sanchez Construtora e Incorporadora Ltda.