Os sinos da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, uma das mais tradicionais de Salvador, tocaram juntos nesta quinta-feira (13), pela primeira vez nos últimos 30 anos, após uma missa para comemorar o momento. Símbolos de fé e responsáveis pela convocação dos fiéis para os atos religiosos, os sinos foram recuperados pelo Governo do Estado. A Igreja do Bonfim é a nona que teve o conjunto de sinos recuperados. No momento da reativação, outras igrejas do Centro Histórico de Salvador também tocaram seus sinos em consonância com o Bonfim.
O secretário estadual do Turismo, Fausto Franco, afirmou que o Governo está priorizando a recuperação dos sinos nas áreas do estado que têm mais fluxo turístico. “Em Salvador, a gente focou muito no Centro Histórico e no Bonfim. A gente fez também em Trancoso, que é um grande destino turístico, e o próximo vai ser o Convento de Cairu, que é ali próximo a Morro de São Paulo”. Franco disse que a parceria com o empresariado é importante. “A gente sempre conta com a ajuda de benfeitores. A gente conta com a sensibilidade do empresariado para que possa abraçar outras igrejas”.
O secretário destacou que a Igreja do Bomfim é um ícone importante para o turismo religioso na Bahia. “Sejam baianos, sejam turistas, o turismo religioso é muito forte na nossa cidade. E com a perspectiva do aumento das vacinas, a partir do segundo semestre, a gente espera ter uma retomada do turismo com segurança. O turismo religioso é um dos nossos pilares para que a gente possa ter mais emprego e renda no nosso estado”.
O vice-governador e secretário do Planejamento, João Leão, falou sobre a fé. “O que é o sino do Bomfim? É fé, meu amigo, é fé. Eu tenho fé que nós vamos acabar com essa pandemia, rezando ao Senhor do Bonfim, Jesus Cristo e a Deus, para minorar o sofrimento das pessoas nessa pandemia”.
Fé e festa
O pároco do Bonfim, Padre Edson Menezes, que celebrou a missa em comemoração à reativação dos sinos, explicou a função dos equipamentos. “ O sino é para nos chamar para participar de uma atividade religiosa, exatamente para fortalecer a nossa fé. E os sinos estarão tocando todos os dias, às 12h e às 18h, e em alguns momentos festivos, em ocasiões especiais”.
A empresária Beatriz Assunção veio de Curitiba com o marido, Sidirlei Júnior, e se sentiu abençoada por presenciar o primeiro repique dos sinos. “Eu já tinha vindo na Bahia, na Praia do Forte. Aqui em Salvador é a primeira vez. E foi muito emocionante, na hora que a gente desceu do ônibus começou a tocar o sino. O guia já tinha nos avisado que esse sino fazia 30 anos que não tocava, que iria ser inaugurado hoje, e aí a hora que a gente desceu do ônibus começou a tocar”.
Recuperação dos sinos
O projeto de recuperação dos sinos conta , desde o início, com a parceria da iniciativa privada, recebendo o apoio de empresários e grandes instituições, a exemplo da Academia de Letras da Bahia, Hospital da Bahia, o Grupo Hoteleiro Vila Galé e a construtora Andrade Mendonça. O resgate do toque dos sinos da Igreja do Bonfim contou com o apoio do empresário Roberto Oliva, presidente do conselho da Intermarítima.
Igreja do Bonfim
A história da Igreja na Colina Sagrada está ligada à devoção ao Nosso Senhor do Bonfim. No século XVIII, a religião era o grande foco da organização social na Bahia. É nesse contexto que o Teodosio de Faria, depois de sobreviver a uma tempestade em alto mar, traz para a Bahia uma imagem do Senhor do Bonfim no ano de 1745. Na década de 50 do século XVIII, a imagem do Bonfim é transladada em procissão da Ribeira, da Igreja da Penha, até a Igreja do Bonfim que nessa época ainda não possuía o traçado que passou a adornar o templo no final do século XVIII e primeira metade do século XIX.
Em 1772, a Igreja do Bonfim é concluída, mas passa por diversos acréscimos em sua fachada e interior no século XIX. A parte externa possui fachada rococó e o interior é neoclássico, pontua o historiador e coordenador do projeto, Rafael Dantas. “Ao longo de todo esse tempo, os sinos tocavam em cerimônias especiais, missas e festejos”, lembrou. No decorrer do século XX, o número de badaladas foi diminuindo e nos últimos anos só um sino tocava, com exceção de momentos festivos. Depois de décadas parados, os quatro sinos da Igreja voltaram a tocar juntos.