24 anos após ter sido considerada erradicada das Américas, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a poliomielite pode voltar ao Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, a Bahia é o Estado com o quadro mais crítico. Isto porque, ao menos 312 cidades brasileiras registraram alto risco de retorno da doença e, deste número, 15% ficam na Bahia. A meta do Ministério é a vacinação de 95% das crianças, contudo, os municípios baianos que estão na linha de risco imunizaram menos de 50% do público alvo.
Em entrevista ao Varela Notícias, a subcoordenadora do Controle de Doenças Imunopreveníveis de Salvador, Doiane Lemos, explicou que, embora não tenha atingido a meta instituída pelo Ministério, a capital da Bahia não está em uma situação crítica. Ainda de acordo com Doiane, foi observada maior procura nos postos após o alerta feito nas últimas semanas.
“A gente fez a análise da cobertura vacinal e Salvador não está entre os municípios citados na Bahia, estamos com dados na casa dos 70% de vacinação. (…) A gente observou uma procura depois do anúncio do Ministério que citou a realidade nacional do cenário epidemiológico, em relação a imigração, de que o país está recebendo essas pessoas, dos casos em Roraima, na região sul e no Rio de Janeiro. E isto chamou a atenção da população, coincidentemente com as férias escolares. Então a gente observou um aumento na procura [nos postos de saúde]”, conta.
Apesar de não fazer parte do público alvo, adultos também podem ser imunizados, principalmente em caso de viagens. “Adultos podem tomar a vacina na situação de viagens para países endêmicos, como Afeganistão, Paquistão e Nigéria, por exemplo”. Contudo, a profissional alerta, “é o adulto não vacinado”.
Fake News
Após o anúncio da possível volta da pólio, o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, atribuiu a queda da procura pela imunização às chamadas Fake News (notícias falsas). A conclusão foi tomada após análise do desempenho da campanha de vacinação deste ano, que, nacionalmente, ficou em torno de 73%, muito abaixo da meta, que é de 90%.
Para Doiane, é de extrema importância combater informações falsas, principalmente no que diz respeito à vacinação e seus benefícios.
“É importante que a população busque informações verídicas. Não é a toa que o programa nacional é reconhecido internacionalmente. A pólio é uma doença que, uma vez que o indivíduo adquire, ele leva uma sequela. Essa pessoa fica com déficit ao andar. É submetido a várias cirurgias para conseguir ter uma sobrevida. A gente precisa combater esse medo com informação”, garante.
Caderneta de vacinação
Doiane ainda chamou a atenção para os cuidados com a caderneta de vacinação. Segundo ela, a população precisa ter cautela com o documento para que o indivíduo não seja submetida a vacinação desnecessária.
“Uma vez que o usuário não tenha o cartão, a gente precisa ver formas de estar recuperando este cartão. Por exemplo, se estamos falando de uma criança, muitas vezes a gente sabe que fica uma cópia na escola. A partir de 2016, o Ministério da Saúde instituiu um sistema de informação, denominado SIPNI. Uma vez que o indivíduo seja vacinado e lançado neste sistema, a gente tem como recuperar estes dados”, diz.
“Carteira de vacinação é preciso ser vista como um documento como título de eleitor, um passaporte, que você não usa todo dia, mas um dia você vai precisar”, alerta.
Vacinação
Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ao VN, o serviço de imunização é disponibilizado nas 126 salas de vacina da capital, de segunda a sexta-feira, exceto feriado, das 8h às 17h.
“A Vacina contra Poliomielite faz parte do elenco de vacinas do Calendário Básico de Vacinação da Criança, tem um esquema de 5 doses, sendo 3 do esquema primário (aos 2, 4 e 6 meses) e 2 reforços (aos 15 meses e aos 4 anos)”, explica.
“Compõe este esquema de proteção contra pólio, duas vacinas: a vacina atenuada contra poliomielite I e III oral (VOPb) e a vacina inativada contra poliomielite I, II e III injetável (VIP). Sendo que a vacina VIP compõe o esquema primário e a VOPb é dada nos reforços”, finaliza.