Ainda um fenômeno recente na política brasileira, as candidaturas de mandatos coletivos estrearam no país em 2016 e vêm ganhando espaço nas Assembleias e Câmaras. Por entender que são fundamentais para a diversificação da representatividade nos locais de decisão, o Partido Verde de São Paulo passou a se organizar para apoiar esses mandatos, com a elaboração de um estatuto e de capacitação em comunicação efetiva e mediação de conflitos. Conforme a Secretária da Mulher do PV- SP, Monica Buava, o partido incentiva este tipo de candidatura por entender que, ao longo da história política, homens brancos heteronormativos foram privilegiados com a ocupação desses espaços, criando um abismo que os separa de candidatos(as) das pautas feminista, LGBTQIA+, negra, indígena e de outras minorias. Para Monica, os mandatos coletivos são uma ferramenta para equidade no processo eleitoral. “Muito está se aprendendo com os acertos e dificuldades que estão surgindo nos mandatos coletivos por todo Brasil. O fato de se ter desafios, ou até mesmo dissoluções, não significa que não funciona, e sim que precisa de ajuste”, avalia. Atualmente, a Frente Nacional de Mandatas e Mandatos Coletivos contabiliza 29 eleitos em todo país – o PV faz parte de três deles. Em São Paulo, entretanto, a sigla enfrenta a possibilidade de ruptura na primeira candidatura coletiva eleita para a Assembleia Legislativa, em 2018. A codeputada da Mandata Ativista, Claudia Visoni, chegou a anunciar que renunciaria porque as decisões não estariam sendo tomadas em conjunto com os demais integrantes, que são de outros partidos. Diante da repercussão e dos apelos de apoiadores, porém, Claudia estuda formas de permanecer fazendo valer sua voz na gestão do mandato. Em paralelo, ela, que é jornalista e ambientalista, ajuda a criar o estatuto com normas para candidaturas coletivas no PV e defende a modalidade como boa opção para as eleições deste ano. “Escrevemos um estatuto que foi remetido às lideranças partidárias para aprovação. É uma ótima oportunidade de criar essas regras, pois nenhum partido até agora veio a público falar sobre elas. Ele é muito inspirador e pode servir de exemplo para os outros partidos. Avalio que tudo ainda é muito novidade, que estamos engatinhando nessa evolução da democracia brasileira. Nas eleições deste ano, terão as federações partidárias, em que os partidos já estão formando coletivos, então, fará muito mais sentido existir candidaturas coletivas de diferentes partidos, porque, na prática, a federação irá agir como uma entidade só”, afirma a codeputada. Entre as vantagens do mandato coletivo, na visão do PV, estão a transparência, a democracia e o diálogo da construção coletiva. Um ótimo exemplo de sucesso tem sido o mandato “A Cidade é Sua!”, com os representantes da sigla no município paulista de Piracicaba. O trabalho conjunto começou em 2021, com Silvia Morales, Jhoão Scarpa e Pablo Carajol como covereadores do coletivo. Silvia aponta alguns dos benefícios percebidos ao longo do primeiro ano de trabalho: “Há divisão de tarefas e uma abrangência maior de pautas. No nosso caso é plural, cada um de uma área profissional. Habitação é a minha principal, cultura é a do Jhoão e educação a do Pablo. Ocorre também a despersonificação do vereador, fica mais horizontal, todos trabalham praticamente igual e aparecem, sempre mostrando o coletivo”, comemora Silvia. |
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