Nas televisões, rádios e aplicativos de mensagens não param de surgir mensagens sobre o Novo Coronavírus (Covid-19). O governo a todo momento impõe uma medida de prevenção e já indicou o fechamento dos espaços de convivência. O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou logo quando o país passou a registrar casos de transmissão comunitária ou sustentada (situações em que não há mais como rastrear a origem do contágio) “Serão 20 semanas duras”.
Com tanta informação, muitas vezes desencontradas ou alarmistas, é normal que os sentimentos de medo e ansiedade que já são e serão comuns nesses tempos venham a ser mais frequentes. Segundo a neuropsicóloga Cláudia Cavalcante, especialista em Terapia Comportamental, grande parte da população nunca passou por uma situação semelhante. “Talvez alguns ainda conheçam as memórias de quem viveu a Segunda Guerra Mundial, mas a maioria das pessoas nunca vivenciou um estado de ansiedade parecido com o que estamos vivenciando hoje”.
A especialista alerta que a situação de confinamento pode desencadear crises de ansiedade e até mesmo uma crise de pânico. “A quantidade de informações pode reforçar pensamentos disfuncionais negativos, estes pensamentos causam instabilidade emocional, criando catastrofizações. Esses pensamentos antecipados de situações que nem ocorreram ainda são causadas pelo medo de sentir medo, o que gera mais ansiedade”, diz Cláudia, que reforça que é preciso buscar fontes confiáveis de informações para não entrar em desespero com o bombardeio de notícias disparadas na internet.
Para aqueles que já estão em confinamento, a psicóloga deixa dicas como buscar se ocupar e distrair-se com atividades prazerosas. “Aproveite o momento para ver um filme, ler um livro ou fazer artesanatos manuais. Descubra atividades que ocupem a mente, para ajudar a substituir pensamentos automáticos negativos por pensamentos positivos e funcionais. E esse momento não precisa ser improdutivo, felizmente muitas instituições conscientes estão oferecendo gratuitamente cursos online, canais de vídeo estão transmitindo peças de teatro, documentários e até mesmo leituras comentadas”, reforça.
Para quem tem crianças em casa, a orientação é usar uma linguagem adequada à idade e informar sobre o cenário. “Não é preciso criar pânico nas crianças, basta explicar que as medidas são para prevenção. Também devemos pensar em como facilitar a adaptação destas numa nova rotina, ocupando-as com atividades, brincadeiras antigas ou jogos eletrônicos educativos”.
A psicóloga também ressalta que os idosos precisam de uma atenção especial. “É importante incluir os idosos na rotina para que se sintam úteis e incluídos. Eles devem ser solicitados e demandados. Podemos aproveitar este momento até para ensinar mais sobre recursos de tecnologia, como videoconferências, por exemplo”, orientou.
Cláudia ainda reforça que o momento é de responsabilidade coletiva. “É preciso acreditar que tudo irá se resolver e lembrar que estamos fazendo algo em prol de nós mesmos e das outras pessoas. Aproveitemos este momento para interagir com os outros membros da família, mas de dentro de casa. É preciso promover a motivação necessária que a situação nos impõe, buscando manter-se calma e com determinação de que este episódio vai passar. Desejo muita força e coragem a todos!”
A fonte encontra-se disponível para entrevistas online e por telefone.
Quem é Cláudia Cavalcante: Psicóloga, pedagoga e neuropsicóloga com especializações em saúde mental e terapia cognitiva comportamental. Atende clinicamente a mais de 10 anos em consultório próprio e na Fundação de Neurologia e Neurocirurgia – Instituto Cérebro.