A capital baiana foi escolhida para sediar a 3º edição do Projeto Trans-Formação, oportunidade que oferece capacitação em políticas públicas e sociais para o empoderamento de pessoas transexuais, travestis e não-binários. A iniciativa é da Organização das Nações Unidas no Brasil, por meio da campanha Livres e Iguais, e tem o apoio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) e do Ministério Público do Trabalho (MPT).
A aula inaugural do projeto ocorreu na tarde desta sexta-feira (8), com a participação de 25 pessoas, selecionados via edital. O curso, que será realizado no Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT (CPDD), localizado no Casarão da Diversidade, estrutura da SJDHDS que fica no bairro de Pelourinho, terá duração de quatro meses, com oficinas sobre gênero e desigualdades; treinamento em mídia; inclusão social, empregabilidade, empreendedorismo; enfrentamento à discriminação.
“A população LGBTQI+ é distanciada do acesso às políticas públicas de direitos. Por isso, nosso papel neste projeto é trabalhar o fortalecimento da identidade dos nossos para que se empoderem, liderem, criem e ampliem redes de relacionamentos sociais, culturais e profissionais, a partir das atividades que serão desenvolvidas aqui, com profissionais de diversas áreas, militantes e ativistas da causa”, explicou a coordenadora do Espaço de Sociabilidade e Convivência do CPDD, Keila Simpson.
Para o fortalecimento das capacidades de pessoas T*, as oficinas serão construídas em dois eixos centrais. O primeiro, chamado de ‘Módulo Pessoal’, visa à promoção do empoderamento pessoal das (os) participantes. O módulo provocará atividade de reflexão de subjetividades e construção de narrativas pessoais, a fim de fortalecer a identidade individual para melhor interação nas vivências coletivas (social, trabalho, educação lazer, cultura e política).
Já o segundo eixo da formação, intitulado ‘Módulo Comunitário’, objetiva a potencialização do trabalho das (os) participantes enquanto lideranças pelos direitos da população T* em Salvador e Região Metropolitana. O conteúdo envolverá um Programa de Mentorias, formado por profissionais de diversas áreas e/ou ativistas da causa, que auxiliarão os alunos a desenvolverem participação social e ativismo em suas comunidades.
“É uma oportunidade de lutarmos pela nossa identidade, de sermos vozes em nossas comunidades e de poder criar oportunidade, através do empoderamento e do conhecimento. Tenho certeza de que a formação vai me proporcionar lugar de fala e de existência não só aqui, como em qualquer outro lugar que eu vá”, declarou Vitória, 25, mulher trans, cantora e estudante de direito.
O projeto ainda tem o apoio da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Associação Baiana de Travestis, Transexuais, Transgêneros em Ação- Atração e do Instituto de Trans para a Frente, o Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT).