A implantação de quatro áreas do Sistema de Produção Agroecológica Integrada Sustentável (Sistema PAIS), está sendo um reforço para as aulas práticas para os estudantes da Escola Família Agrícola (EFA) de Paramirim. A ação é resultado do investimento do Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
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A produção de hortaliças, temperos e legumes, produzidos sem agrotóxicos ou insumos químicos, é utilizada na alimentação de estudantes, professores e funcionários. O excedente é comercializado na feira do município e em entregas em domicílios, oferecendo também à população da sede do município um alimento de qualidade, limpo e saudável. A iniciativa estimula a prática da alimentação saudável e incentiva os estudantes a cultivarem hortas semelhantes em suas casas.
Para o técnico em Agropecuária, monitor e professor de Matemática da EFA, Silvio de Matos, com a renda extra é possível ampliar as estruturas e incrementar a produção com novas sementes, dar manutenção e adquirir novos equipamentos: “Graças à parceria com o Governo do Estado, por meio da CAR/SDR, desde 2016, foi possível implantar essa forma de cultivo de hortas na EFA, que está se tornando uma ação autossustentável”.
Givaldo Neves, ex-aluno e instrutor da EFA Paramirim, conta que se formou aos 18 anos e já ingressou como monitor: “Como jovem e trabalhador rural, estudar e já sair com o emprego na EFA, que é tão respeitada, é de imensa alegria. Essa escola tem um ensino diferenciado, onde nós podemos trabalhar a teoria em sala de aula e depois ver na prática o que aprendemos na teoria. O apoio do governo estadual nessas instituições é de fundamental importância, porque assegura ao jovem a possibilidade de trabalhar no próprio município, e pensar em se fixar na zona rural, próximo à sua família, trabalhando com a terra. Isso foi de fundamental importância na minha vida”.
O estudante da EFA, Danilton Rocha, explica que o sistema PAIS é composto de uma parte de proteína animal, com a criação de galinhas caipiras e outra com a produção de vegetais em um formato que se assemelha a uma mandala: “O que nós conseguirmos aprender na prática podemos levar para a nossa comunidade e para a nossa vida”.
Samuel Matos, engenheiro agrônomo e monitor da EFA de Paramirim, é responsável pelo viveiro de mudas, onde são produzidas as mudas de umbu gigante. A instalação do viveiro é um desdobramento dos investimentos realizados na implantação do sistema PAIS. O engenheiro agrônomo explica que o umbu é uma planta nativa da nossa região, que produz um fruto pequeno, mas que com o processo de enxertia passa a produzir o umbu gigante, com maior produtividade: “Essas mudas serão distribuídas para os alunos da escola, para os pais e para toda a comunidade, melhorando a renda das famílias, com a venda tanto do fruto como da polpa, que tem bastante aceitação na região, e isso tudo é fruto do trabalho do Governo do Estado, que vem ajudando bastante aqui e todo mundo que trabalha no meio rural”.
De acordo com o coordenador de Projetos Especiais da CAR, Gilmar Bonfim, por meio da parceria com associações e prefeituras estão sendo construídos sistemas de hortas comunitárias, para incentivar os municípios agricultores a trabalhar a agroecologia, e também as boas práticas de produção, sem utilização do agrotóxico: “Na EFA de Paramirim, já está sendo comercializado o excedente da produção, e a alimentação já é mantida pela estrutura do sistema PAIS”.
Sobre a EFA Paramirim
Atualmente, a EFA de Paramirim, que é filiada à Associação das Escolas das Comunidades e Famílias Agrícolas da Bahia (Aecofaba), conta com 104 estudantes dos níveis fundamental e médio/técnico em Agropecuária.
As EFAs adotam os princípios da Pedagogia da Alternância, que possibilita ao educando uma formação integral com um período na escola (semana ou quinzena) e outro no meio familiar comunitário. Dessa forma, ele consegue estudar e, ao mesmo tempo, manter contato com suas origens, cultura, tradições e meios de produção agropecuária, agroecológica, se preocupando com o meio ambiente saudável.
As EFAs buscam desenvolver um projeto educativo contextualizado, trabalhando a reapropriação de saberes, fazeres e tecnologias apropriadas à agricultura familiar, principalmente nas regiões do semiárido.
Além de oferecer a educação, a Aecofaba tem como preocupação favorecer condições para que haja unificação entre a teoria e a prática. Para isso, contam com parcerias, dentre elas, com o Governo do Estado, por meio de secretarias estaduais, a exemplo da SDR e Secretaria de Educação (SEC).