A Prefeitura de Salvador, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), realizou o encerramento do ciclo 2022-2024 da Agenda Cidade Unicef em Salvador. O evento ocorreu na tarde da quinta-feira (19), na Escola Municipal Professor Milton Santos, no bairro de Valéria – território priorizado pela iniciativa na capital baiana.
Durante dois anos, diversas secretarias do Município uniram forças, juntamente com o Unicef e o Instituto Aliança, para reduzir as vulnerabilidades sociais do bairro. No encerramento das atividades, foram elencadas a realização de entregas efetivas em áreas como saúde, mobilidade, educação e promoção social.
Presente na cerimônia, a titular da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), Fernanda Lordêlo, destacou que esse foi um projeto-piloto que alcançou números significativos de melhorias e que a ideia é estender a ação para outros bairros da capital, observando as características de vulnerabilidade e de necessidade mais emergencial.
“Nós começamos essa parceria com o Unicef quando houve a identificação de que Valéria era o bairro com maior mortalidade infanto-juvenil no município. Diante das tratativas, deliberamos pela construção de um grupo de trabalho, no qual todas as secretarias pudessem atuar no território para identificar de que forma nós poderíamos modificar essa realidade. A partir daí, foi criado todo esse projeto que avançou por dois anos. Neste encerramento de hoje, fizemos entregas efetivas na área da saúde, educação, sustentabilidade, meio ambiente, promoção social e em áreas correlacionadas à SPMJ, ou seja, um trabalho desenvolvido, praticamente, por todas as secretarias que atendem com serviço neste território”, afirmou.
“Todo o trabalho aqui ocorreu no sentido de estabelecer essa parceria, o compromisso e a responsabilidade de cada órgão público e de cada liderança, de cada coletivo de jovens em nome de menos violência, mais escola, menos repetência, menos exclusão escolar, mais vacinação, todos os direitos que precisam ser promovidos. Os desafios desse trabalho foram, justamente, a intersetorialidade e o comprometimento efetivo de todo mundo trabalhar junto. O que acontece na prática é que todo mundo trabalha sozinho, mas estamos defendendo que, juntos, a gente consegue com mais certeza melhorar os indicadores de vulnerabilidade das crianças”, ressaltou Helena Oliveira, coordenadora do Unicef para os estados da Bahia, Sergipe e Minas Gerais.
Colaborações – Durante o período, cada pasta deu a sua contribuição para a melhoria e fortalecimento da rede de proteção de crianças e adolescentes. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), em parceria com a Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) e com o Instituto Aliança desenvolveram a Comunidade de Prática de Saúde Mental de Adolescentes, uma ação que tem um cuidado especial com a saúde mental de crianças e adolescentes que vivem no bairro.
“Estamos procurando investir nessa comunidade de práticas de saúde mental de adolescentes, por meio da qual atores da saúde, educação e assistência, entre outras áreas, se reúnem e discutem práticas de atenção à saúde mental dos adolescentes, porque a violência afeta direta e indiretamente a vida deles. Além de deixar mortos, provoca sofrimento mental em quem está vivo, então é um investimento que tem dado muito certo”, contou Helena.
Na área da Sustentabilidade e Resiliência, a Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal (Secis) fez uma ação de arborização urbana para atender a um pedido da comunidade, melhorando o clima e a qualidade de vida. Em relação à mobilidade, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) disponibilizou algumas linhas que foram solicitadas e também lançou o MobLab, uma laboratório de Mobilidade Inteligente para a região.
“Hoje, o nosso entendimento é que para ser uma cidade resiliente, a gente precisa diminuir a desigualdade, a violência, gerar emprego, gerar renda e melhorar a qualidade de vida da população. A Secis foi requisitada em alguns momentos, principalmente para atender um pedido dos alunos em relação à arborização urbana. As escolas precisam ter espaços verdes, espaços arborizados. Nós temos feito esse diálogo com a Smed para a viabilização dessa arborização nas escolas”, disse o titular da Secis, Ivan Euler.
Legado – A Agenda Cidade Unicef deixou um legado de fortalecimento da rede de proteção de meninos e meninas na cidade e deve continuar nos próximos anos. Os principais resultados envolveram a melhoria da qualidade dos serviços públicos direcionados à primeira infância, a produção de dados sobre violência contra meninos e meninas, a educação contra o racismo, a geração de oportunidades de trabalho e do primeiro emprego para adolescentes e a inclusão da abordagem étnico-racial na educação pública municipal.
Gabriel Ribeiro, que cursa o segundo ano do Ensino Médio, elogiou a realização do curso Valéria tá Valendo, que preparou os adolescentes do bairro para o mercado de trabalho e complementou o aprendizado da escola. “Toda a infraestrutura do curso foi boa. Eles têm todo um planejamento legal que faz o jovem se sentir incluído. Com ele, nós passamos a perceber várias coisas no mundo ao redor, a exemplo da questão da identidade. Sem falar que é um curso gratuito e que deixa o adolescente muito mais preparado tanto para vida adulta e para o mercado de trabalho. Eu tenho um colega, por exemplo, que recebeu várias propostas de estágios e de outros projetos após o curso”, contou.
Loriene Évelin, que cursa o 8º ano, disse ter perdido a timidez após ter participado do curso Valéria tá Valendo. “Eu sinto um impacto grande das ações, porque, querendo ou não, muitos jovens precisam dessa educação. Eu agradeço a todos pelo projeto, pois nos ensinou a nos prepararmos para o mercado de trabalho. Muita gente já está sabendo como se preparar, como lidar, como se envolver, como conversar, como agir no primeiro emprego. Tudo isso foi possível por meio das orientações das educadoras”, declarou.
Reportagem: Iann Jeliel e Priscila Machado/Secom PMS