As startups brasileiras têm atendido mais às expectativas dos investidores nas fases iniciais de desenvolvimento do negócio em comparação a fases mais maduras. O retrato, resultado da pesquisa “Jornada da Confiança”, realizada pela PwC Brasil com apoio da Liga Ventures, revela, pela primeira vez, como as empresas estão posicionadas em termos de governança corporativa em relação à expectativa dos investidores.
Movimentando cerca de US$ 3 bilhões nos três primeiros trimestres de 2022, segundo o State of Venture Q3’22 Report (CB Insights), as startups foram avaliadas do ponto de vista da expectativa dos investidores e de suas práticas para cada fase de sua jornada: Ideação, Validação, Tração e Escala. A pesquisa foi realizada com 169 empreendedores e 37 investidores que responderam a questões elaboradas tendo por base o framework criado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), amparado em quatro pilares: 1. Estratégia e sociedade; 2. Pessoas e recursos; 3. Tecnologia e propriedade intelectual; e 4. Processos e accountability.
Estratégia e sociedade
No que se refere ao pilar “Estratégia e sociedade”, a pesquisa mostra que as startups que estão nas fases iniciais de Ideação e Validação apresentam maturidade elevada em relação às práticas sugeridas pelo framework e superam as expectativas dos investidores. Os resultados mostram amadurecimento acima de 50% para temas como Contribuição dos sócios; Expectativa de cada sócio; Regras de saída e/ou de entrada; Alçadas, papéis e responsabilidades; e Estatuto ou contrato social.
Mas, ao chegar à fase de Tração, começam a surgir alguns pontos de atenção: 20% das startups afirmam cumprir as práticas relacionadas aos temas Processo formal para estratégia e gestão de riscos, e Ética e conduta, ante uma expectativa maior dos investidores (41%). Essa diferença entre expectativa dos investidores e práticas adotadas mostram que há uma oportunidade clara de diferenciação para as startups nesse pilar e nessa fase.
“Estabelecer claramente as responsabilidades individuais em uma empresa e definir um bom sistema de prestação de contas facilita a supervisão da administração e melhora a tomada de decisão durante a jornada de crescimento da organização. Com este retrato inédito que traçamos sobre a maturidade do ambiente de governança no ecossistema brasileiro de startups, esperamos ajudar negócios nascentes a atingir o máximo potencial e a colher os benefícios dos seus esforços”, afirma o sócio da PwC Brasil Luiz Ponzoni, responsável pela pesquisa.
Pessoas e recursos
Neste pilar, as startups estão em um patamar de menor maturidade e de maior distância em relação ao framework e às expectativas dos investidores. Exceção apenas, na fase de Ideação, para criação de rede de mentores e conselheiros, para a qual observamos a adoção por 83% das startups. Na fase de Tração, as expectativas dos investidores superam os 46% em todas as práticas, mas as startups não atingem os requisitos esperados. Vemos o mesmo cenário na fase de Escala, o que revela mais um campo de oportunidades de avanço e diferenciação não só em termos de governança corporativa, mas também de atração e retenção de talentos.
Tecnologia e propriedade intelectual
De acordo com a pesquisa, no pilar “Tecnologia e propriedade intelectual”, há um sinal de alerta para as startups. Na fase de Tração, 45% têm baixo nível de maturidade e quase metade ainda adota práticas da fase de Ideação, mesmo estando em estágio avançado de desenvolvimento. Além disso, 25% das startups em estágio de Escala não adotam nenhuma das práticas de governança corporativa associadas à tecnologia e propriedade intelectual.
“Somos o braço direito de inovação aberta das empresas, trazendo soluções e serviços customizados para ajudar as nossas startups em seus desafios. Entender como nossas startups estão posicionadas em relação ao tema da governança é um dos principais caminhos para a criação de um ambiente de confiança, transparência e integridade dos negócios, garantindo promover ações concretas para apoiar os empreendedores em sua jornada de crescimento”, diz o sócio-fundador da Liga Ventures Rogério Tamassia.
Processos e accountability
As startups em Validação começam a se preocupar com os temas de “Controles internos de apuração de resultado” e “Modelo de planejamento e gestão orçamentário estruturados”, chegando com elevada maturidade na fase de Escala. Segundo a pesquisa, 82% das startups têm controles internos de apuração de resultado, enquanto 77% apresentam modelos de planejamento e gestão orçamentário estruturados.
Já as práticas de “Relacionamento com Órgãos de fiscalização e controle complementares” e de “Função/área de relacionamento com investidores” permanecem com baixa maturidade de implementação mesmo na fase de Escala.
“Os investidores exigem cada vez mais das empresas a confirmação de que os conceitos de governança, mais do que um discurso, estão realmente sendo aplicados na prática. O nosso estudo permite ver exatamente como o ecossistema de startups está percorrendo sua jornada da teoria para a prática da governança”, afirma o sócio da PwC Brasil Rodrigo Marcatti.
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