A Construtora Biapó e a Elysium Sociedade Cultural iniciaram, em agosto, os trabalhos de restauro do Palacete do Tira Chapéu, prédio eclético concebido pelo arquiteto Baptista Rossi e construído entres os anos de 1911 e 1933 para ser a sede da Associação dos Empregados do Comércio da Bahia (AECB).
O edifício está situado no centro histórico de Salvador, na convergência entre as ruas do Tira Chapéu, da Ajuda e Chile, esta última considerada a primeira rua do Brasil, próxima a importantes elementos históricos da capital baiana como o Elevador Lacerda e o Largo Terreiro de Jesus.
Os trabalhos atuais fazem parte da primeira etapa de um projeto completo de restauro e adaptação do edifício para abrigar um Centro Gastronômico e Cultural, proposta que surgiu da análise das características do edifício, de seu entorno e da própria cultura da região. A ligação cultural e afetiva entre soteropolitanos, visitantes e turistas, e a culinária regional, contribuiu naturalmente para concepção do projeto como núcleo de incentivo à cultura, à culinária e ao turismo.
Assim, essa etapa se concentra na preparação do edifício para receber as adequações e as instalações necessárias para o funcionamento dos restaurantes. Serão restaurados as fachadas e as esquadrias, os pisos de madeira e de ladrilho hidráulico, a cobertura, os forros e os elementos artísticos integrados, tais como vitrais, balaustradas, escaiolas e azulejos. A conclusão da obra está prevista para maio de 2022.
Valor histórico
O prédio da Associação dos Empregados do Comércio da Bahia é um marco dentre os edifícios ecléticos construídos no século XX e que ainda resistem em Salvador. Seu projeto foi concebido pelo arquiteto italiano Rossi Baptista, responsável por outras edificações com padrão semelhante na capital baiana, e tornou-se um dos mais emblemáticos da sua carreira. O estilo eclético reúne em um mesmo exemplar características inspiradas em diferentes estilos arquitetônicos, com adornos que podem ser identificados como sendo da arquitetura barroca ao período clássico.
O edifício tem uma riqueza única de detalhes, tanto no seu interior como no exterior, com uma fachada muito ornamentada. A disposição e a circulação do prédio apresentam elementos clássicos, ainda que excepcionais para a localização e o desenho da construção.
Apesar do Palacete ser um marco na Rua Chile, pelo exemplo de força e importância dessa rua e da rica história de Salvador, o conjunto vem passando por inegável processo de decadência física em suas instalações. Já se veem problemas de infiltração em várias partes do edifício. Além disso, obras de reforma e adaptação atuaram para descaracterizar partes dele, como a remoção de detalhes e a mudança de destinação de usos de certos espaços.
Cláudia Nunes