O delegado e coordenador do Grupo Especial de Repressão a Roubos de Coletivos (Gerrc), José Nélis de Araújo, informou que o motorista do ônibus assaltado na região do Iguatemi, na noite desta quinta-feira (06), será indiciado pela morte da passageira Luzenilda Santos Avelino Barbosa, 24 anos. Ela pulou do coletivo em movimento após um assaltante que se passou por baleiro e dois comparsas anunciaram o assalto.
Segundo o delegado, o rodoviário vai responder pela morte por ter deixado a porta aberta, com o veículo em movimento. “Foi falha do motorista: ele abriu a porta fora do ponto e trafegou em velocidade com a porta aberta. (…) Se o motorista para fora do ponto e permite que esses baleiros entrem, ele está testando a idoneidade”, comentou. Uma investigação deve analisar o roubo e outro inquérito se debruçará sobre o homicídio e as lesões corporais culposas nas vítimas.
Reação
O diretor do Sindicato dos Rodoviários, Daniel Mota, considerou a declaração do delegado precipitada. “É preciso ter serenidade e cautela, e não criar responsabilidade antes da conclusão das investigações”, comentou. Sobre a alegada negligência do motorista, ao trafegar com as portas do coletivo abertas, ele pondera: “Não foi uma situação normal, era um assalto! Isso tudo tem que ser levado em consideração”.
O motorista alegou, em depoimento, que trafegava com a porta aberta por falha mecânica no ônibus. No entanto, Nelis afirma que a polícia entende que o motorista parou fora do ponto para a entrada do baleiro e depois arrastou o ônibus com a porta aberta, após perceber o assalto.
“É uma benevolência excessiva, é um erro muito grande. Quando ele faz isso, ele atesta a idoneidade de quem tá entrando”, comenta Nelis.
Apenas três passageiros e o cobrador, que estava muito emocionado, ainda não foram ouvidos, segundo o delegado. Ele afirma que esse tipo de ação tem sido muito comum na região do Iguatemi.
Falsos baleiros
Ainda conforme Nelis, o recolhimento de guias dos baleiros para identificação já tem sido feito.
“Há poucos meses conversamos com o Sindicato dos Rodoviários para orientar os motoristas para ter cuidado com os falsos baleiros”, declarou Nelis.
O delegado afirma ainda que houve um aumento, neste ano, no número de assaltos com participação de falsos baleiros. “Chamamos a atenção para que não deem carona para eles, e muito menos fora do ponto para baleiros que eles não conhecem”, acrescentou.
Daniel Mota recomenda, a princípio, proibição da entrada de vendedores de balas, com guia, nos ônibus. “Se tem ocorrido aumento nesses tipos de assalto, a Prefeitura e a Secretaria de Mobilidade têm que baixar um decreto proibindo a entrada de baleiros nos ônibus para depois reavaliar como isso é feito”, analisou. Ele afirma que a identificação dos profissionais por coletes não é suficientemente segura.
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Relembre o caso
Na noite desta quinta (5), dois homens e uma mulher entraram no coletivo da Integra OT Trans, que fazia a linha Tancredo Neves/Pituba, por volta das 22h30, fingindo ser vendedores de balas.
Eles anunciam o assalto e começam a saquear os passageiros. Houve pânico dentro do ônibus. A passageira Luzenilda Santos Avelino Barbosa, 24, tentou escapar e pulou da porta do ônibus em movimento. Ela morreu após bater a cabeça na pista. Outras quatro pessoas também pularam do coletivo e sofreram ferimentos leves.
Equipes do Gerrc investigam o crime e um dos envolvidos já foi identificado, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP). Até o início da noite desta sexta, nenhum suspeito havia sido preso pelo ataque. Informações sobre os assaltantes podem ser enviadas sigilosamente através do 3235-0000 e 190.