A Mostra Criativa Salvador de Arte, Educação e Cultura Negra 2024 reuniu cerca de 400 alunos da rede municipal na tarde da última terça-feira (26) no auditório do Teatro Faresi, em Ondina. O evento é uma iniciativa da Prefeitura de Salvador, fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal da Reparação (Semur) e a Secretaria Municipal da Educação (Smed).
Com o tema “Por uma Educação Antirracista: Compromisso, Afeto e Vivências”, o evento deste ano destacou a importância da cultura africana e do resgate de suas raízes, através de atividades artísticas e educacionais que envolveram alunos e professores da rede municipal. A proposta do projeto é sensibilizar crianças, adolescentes, jovens e a comunidade escolar para questões étnico-raciais, promovendo uma formação cidadã por meio do estudo da história e cultura da África, da história afro-brasileira e das contribuições do povo negro.
Em seu 11º ano, o projeto propôs vivências sobre a identidade cultural afro-brasileira, ressaltando narrativas, produções e conhecimentos que moldaram a história do país. A temática foi trabalhada ao longo deste e do ano passado nas escolas municipais, envolvendo professores e alunos em atividades que fortaleceram o componente artístico e multicultural, além de incentivar debates sobre as produções socioculturais e educacionais geradas nas unidades de ensino.
Participação – Nesta edição, 72 escolas se inscreveram no projeto, e 12 foram selecionadas para se apresentar no evento. A seleção incluiu 164 alunos, 14 professores, um intérprete de libras e profissionais de apoio escolar. Marcando presença na plateia do teatro, Taila Santana, tia da aluna Ana Vitória Santana, de 11 anos, que estuda na Escola Municipal Do Alto Da Cachoeirinha Nelson Maleiro, no Cabula, não escondeu a alegria ao ver a sobrinha em cima do palco.
“Sinto muito orgulho de ver minha sobrinha se apresentando e abordando este tema. Poder ver minha sobrinha participando disso, mesmo que seja através de um teatro, é como um aprendizado, algo que pode ajudá-la no futuro. Antigamente, o tema era mais restrito. Hoje vejo que está mais aberto, que se fala mais livremente sobre diversas questões. Antes, até existiam apresentações, mas não eram como as de hoje. Agora, as escolas estão abordando esses temas de maneira mais direta, enquanto antigamente as apresentações eram mais sobre dança, samba, sem tanto foco nesses assuntos atuais”, declarou.
O estudante Luiz Américo, do 8º ano da Escola Municipal Professor Alexandrina Santos Pita, em Pirajá, também relatou a sua experiência ao participar do evento no teatro. “Essa é a minha primeira vez participando de um evento assim, além da capoeira, representando a raça negra que foi escravizada no passado. Acho que estou representando não apenas a nossa raça, mas também todas as pessoas que se sentem oprimidas pelo racismo e pela marginalização da cultura africana”, contou.
“Tenho visto esses temas serem discutidos com mais frequência. Nossa escola, por exemplo, vai iniciar um projeto sobre como era antigamente, sobre nosso passado ancestral, para mostrar a cultura africana e trazê-la para os dias de hoje”, completou Luiz Américo.