Moradores de São Tomé de Paripe reclamam dos perigos de pó misterioso
O Conselho Regional de Química (CRQ) e o Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) investigam se um pó escuro utilizado por uma usina siderúrgica é o responsável por causar rouquidão, dor nos olhos e problemas de pele em moradores do bairro de São Tomé de Paripe, no subúrbio ferroviário de Salvador.
A empresa foi criada em 1973 e fica localizada no Terminal Marítimo da Usba. No local, ferros brutos e prensados chegam através de navios do Porto de Aratu.
Os moradores de São Tomé de Paripe reclamam do problema há, pelo menos, três décadas. No entanto, segundo eles, nos últimos anos os sintomas se intensificaram.
O comerciante Antônio Copque, que mora em São Tomé, reclama que precisa limpar todos os itens do estabelecimento por causa do pó usado na indústria, que acaba chegando ao local de trabalho dele.
“Esse trabalho e essa luta aqui. Todo dia é essa luta. Tivemos que contratar mais outra funcionária para poder ficar trabalhando só na limpeza. Porque não tem sossego aqui, todo dia é essa luta”, explicou.
Pó de usina causa roquidão, dor nos olhos e problemas na pele de moradores do subúrbio ferroviário — Foto: Divulgação/TV Bahia
Segundo os moradores da região, os dias de chuvas ajudam ao pó não espalhar com a mesma facilidade que em dias normais.
De acordo com o engenheiro químico Diniz Silva, a substância pode causar até câncer nos moradores. Uma comissão de técnicos acompanha os riscos de contaminação das pessoas e do meio ambiente.
“Estamos fazendo essa verificação, também um ato de fiscalização para verificar o processo. Verificamos que não há um processamento químico, é apenas armazenamento e transporte material, então seria só a parte logística que funciona aqui. A partir disso, o Conselho, em parceria com o Inema, com o órgão que é responsável pela fiscalização da emissão de particulares, vai entrar em contato com este organismo para ele fazer essa ação de fiscalização”, disse o engenheiro Diniz Silva.
O Grupo Gerdau informou que possui a licença ambiental necessária para atuar no local e trabalha com granéis sólidos licenciados. A empresa também afirmou que monitora periodicamente a qualidade do ar, da água e também dos sedimentos.
Ainda segundo a Gerdau, a lavagem periódica das ruas que dão acesso ao Terminal Marítimo é feita todos os dias. Os pneus das carretas que saem do terminal também são lavados, informou a empresa.