Com movimentos sincronizados e suaves, cerca de 35 meninas, com idades entre 3 e 13 anos chamam a atenção de quem assiste a uma das aulas do Projeto Fonte da Vida, ministrado na Base Comunitária de Segurança (BCS) Itinga, na Região Metropolitana de Salvador, às segundas e quartas-feiras, às 17 horas.
As lições de Ginástica Rítmica (GR) – categoria que mistura movimentos corporais combinados com movimentos do balé, dança, teatro em harmonia com a música e com o uso de equipamentos como bola, arco e fita – são realizadas em tatames arrumados na área lateral da BCS e iniciadas sempre com movimentos de alongamento para evitar distensões musculares e lesões nas crianças. As meninas desenvolvem firmeza, leveza, flexibilidade e atenção, além do bem-estar fruto de qualquer exercício físico.
“Estique mais a ponta do pé, Isabela”, fala Ângela de Jesus Bispo de Araújo, professora e ginasta voluntária no projeto, para a pequena Isabela Costa dos Santos, 8 anos, que tentava fazer a abertura. Ela pede o máximo de atenção e empenho das meninas que, em um grupo tão grande e jovem, surpreendem pela dedicação com a qual realizam os passos.
“A ginástica me ajudou. Eu fui uma criança da comunidade, meus pais não tinham condição de pagar um esporte ou escola e tive a oportunidade de praticar GR, amei. Me formei em licenciatura e bacharelado em Educação física e fisioterapia, tudo em prol do esporte. E, agora, estou podendo colaborar com a minha comunidade, pois acredito muito no poder transformador do esporte, ele mudou minha vida e vai mudar a vida de muitas crianças”, explicou a professora.
Ângela ministra as aulas com mais dois auxiliares, que passam entre as meninas e observam se os movimentos são realizados corretamente. Eles são observados de longe pelas mães, enquanto aguardam.
A dona de casa Odenice de Jesus Costa é uma delas. Moradora de Itinga e mãe de Isabela, Val, como gosta de ser chamada, garante que a BCS ofereceu uma oportunidade única. “Minha vizinha contou sobre o projeto e minha filha se interessou, insistia muito para se matricular. Ela está amando”, confirmou, observando a menina que aguardava o início da aula brincando com as colegas.
Quem também está satisfeita com o projeto é a comandante da Base Comunitária de Itinga, unidade de policiamento comunitário, tenente Luana Queiroz. “Iniciamos com 15 crianças e hoje temos mais de 35. Não tenho dúvida que é um projeto importante para a sociedade, para as mães que veem o desenvolvimento de suas filhas e para essas futuras mulheres que serão mais conscientes da capacidade do seu corpo”, explicou.
A aproximação da comunidade com a PM também é fator importante ressaltado pela oficial. Para ela, essas meninas que, agora e no futuro, compreendam como a Polícia Militar está perto da comunidade, sem medo ou receio de solicitar a ajuda da PM caso seja preciso”, detalhou a Luana.
Outras iniciativas
A BCS também oferece outros projetos para públicos variados. Entre as aulas que mais chamam a atenção da comunidade está o curso de Defesa Pessoal, ministrado para mulheres de Itinga pelo soldado Rogério Santos.
Durante a capacitação, as mulheres aprendem técnicas do Krav Magá para torná-las mais fortes e menos vulneráveis em casos de violência doméstica e de gênero.
Existe ainda o curso de Jiu Jitsu – que ocorre das 8h às 9h30 e das 10h às 11h30, nas terças e quintas, e das 14h às 15h30, nas sextas-feiras, na sede da Base – para crianças e adolescentes da comunidade.
Luana também listou as aulas de boxe, cujas inscrições estão abertas com aula inaugural prevista para segunda-feira (21), de Teatro e de Rotinas Administrativas.