O Ministério Público Federal (MPF) está investigando o caso da índia, de 12 anos, que deu entrada no Hospital Regional de Vilhena (RO) com larvas na boca. A adolescente foi internada na semana passada e transferida para o Hospital Regional de Cacoal (RO) na sequência. O estado de saúde dela é estável.
De acordo com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), a menina morava na Casa de Saúde Indígena (Casai) desde 2014, onde era cuidada por profissionais de saúde.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Hospital Regional de Vilhena foram questionados na segunda-feira (8) pelo MPF sobre o estado de saúde da menina. Os órgãos têm dois dias para responder.
“O MPF tomou conhecimento de que uma menor indígena tinha chegado em condições de saúde bastante deploráveis no Hospital Regional aqui em Vilhena. E, com base nessas informações, instauramos um procedimento para apurar o que aconteceu. E depois de a gente apurar o que aconteceu, a gente vai apurar também as responsabilidades”, explicou ao ‘G1’ o procurador doMPF responsável pelo caso, Leandro Musa de Almeida.
Segundo o coordenador das equipes da Sesai do polo base em Vilhena, Gregório Cardoso, a menina mora na Casai desde 2014, depois de passar por problemas graves de saúde e ficar com sequelas. “Ela foi abandonada pela família. Os pais são separados e não tiveram interesse em cuidar dela. Eles moram em aldeias diferentes. Agora, o pai está acompanhando ela, pois fomos buscá-lo na aldeia”, contou.
Ainda de acordo com ele, as larvas se instalaram de um dia para o outro. “A eclosão de uma larva é muita rápida. De um dia para o outro notou-se a situação. Foi feito a higienização; não conseguiram tirar o quantitativo e ela foi levada para o hospital para fazer um procedimento mais invasivo, porque os nossos recursos são limitados”, salienta.
Segundo o dentista especialista em cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial, Jean Magalhães, as larvas perfuraram o “céu da boca” da menina. “A gente conseguiu tirar em torno de 20% só do palato dela. Se eu for quantificar, eu devo ter tirado mais ou menos de 150 a 200 larvas, sem contar a língua, sem contar a parte interna óssea, porque eu não pude abrir. Essa situação tem tempo; já deve ter uma evolução mínima de duas a três semanas”, afirmou.
Por nota, o Ministério da Saúde afirma que está acompanhando caso. Segundo o órgão, “a saúde indígena recebeu (…) mais de R$ 1,5 bilhão de reais” no ano passado.
Leia a nota na íntegra:
“O Ministério da Saúde informa que está acompanhando, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena, o estado de saúde da adolescente indígena a que se refere a reportagem. Uma enfermeira que faz parte da equipe da Casa de Saúde Indígena (CASAI) de Vilhena permanece com a adolescente.
A assistência à saúde prestada à população indígena tem registrado importantes avanços nos últimos anos, desde a criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), em 2010, que passou a ser responsável pela gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS (SASISUS) e pela execução de ações de atenção básica e saneamento básico a cerca de 750 mil indígenas, pertencentes a 305 povos indígenas e que vivem em mais de cinco mil aldeias.
No ano passado, a saúde indígena recebeu o maior investimento desde que o Ministério da Saúde passou a gerenciar a área, mais de R$ 1,5 bilhão de reais.
Este recurso é utilizado para melhorias da qualidade de vida dessa população, como custear a manutenção das ações, pagar salário dos profissionais e fazer investimentos em edificações e saneamento básico, além da aquisição de insumos e equipamentos.”