Tonho da Lua é um dos personagens que entraram para a história da teledramaturgia brasileira e papel marcante na carreira de Marcos Frota, 68, que o interpretou na segunda versão de “Mulheres de Areia”, em 1993, na Globo -20 anos antes, na TV Tupi, Gianfracesco Guarnieri (1934-2006) foi o responsável, também com grande sucesso, por dar vida ao jovem com grande talento para fazer esculturas na areia.
Para Frota, o grande desafio foi “abrir mão da vaidade”. “Me disponibilizar completamente ao trabalho e compreender a proposta da direção. Estudei muito o universo da novela, principalmente o ambiente dos pescadores. Estava completamente aberto para todas as ideias que surgiam no set de gravação”, diz o ator, em entrevista por email ao F5.
Na trama, Tonho integra o núcleo de pescadores da fictícia cidade de Pontal D’Areia, no litoral fluminense, onde se passa toda a história. Ele tem uma deficiência mental que foi agravada quando ainda era criança após ter presenciado a morte do pai –ao longo dos capítulos, um dos grandes desejos dele é lembrar o rosto do pai para poder esculpi-lo.
Também órfão de mãe, ele mora com a irmã, Glorinha (Gabriela Alves), e o padrasto Donato (Paulo Goulart), um homem malvado, que o ameaça constantemente e assedia a enteada.
Amado por Azlira (Giovanna Gold), Tonho, porém, nutre uma paixão platônica por Ruth (Gloria), a gêmea boa. Já Raquel, a irmã má, costuma humilhá-lo e destruir suas esculturas de areia. Grande sucesso na faixa das 18h da Globo, “Mulheres de Areia” pode ser vista novamente, agora no Globoplay.
Frota diz que vai rever a trama, escrita por Ivani Ribeiro. “Com muita humildade, sei que o Tonho da Lua rompeu a barreira do tempo. Ao lado de Ruth e Raquel, é um personagem que entrou para a história da TV brasileira. Fiz tudo com muito amor, e o público retribuiu com muito carinho. Tonho da Lua é para sempre.”
Na visão do ator, a novela deu muito certo –registrou média final de 50 pontos de audiência na Grande São Paulo, na época– por reunir “elenco, técnica e direção em um clima de alto profissionalismo”. “Uma época de ouro da TV e a força da dramaturgia da Ivani Ribeiro”, acrescenta.
Além de Frota, outros dois atores fizeram testes para interpretar Tonho da Lua: Eduardo Moscovis e Irving São Paulo. Ambos ficaram com outros papéis. O primeiro deu vida a Tito, e o segundo a Zé Luís.
Outra curiosidade é que o ator Serafim Gonzalez (1934-2007) era o verdadeiro responsável por fazer as esculturas de areia do personagem, nas duas versões de “Mulheres de Areia”. Segundo Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, em 1973, ele interpretou Alemão. Já no remake de 1993, o ator deu vida ao pescador Garnizé.
Marcos Frota está afastado de novelas desde 2016, quando fez uma participação em “Sol Nascente”. Mas ele pode ser visto agora na reprise de “Ti Ti Ti”, no Vale a Pena Ver de Novo, nas tardes da Globo, como o bandido Massa.
Durante o período de isolamento social, o ator afirma que aproveita o tempo em casa para ler. “Esse momento é muito difícil, mas vai passar. A cultura brasileira tem muita força e vai se reinventar”, afirma Frota, que também é trapezista e dono do Circo dos Sonhos, que teve de interromper os espetáculos por causa do agravamento da pandemia no país.
“Todos os circos estão enfrentando com muita dignidade esse momento. Quero agradecer a solidariedade do povo brasileiro, a história do circo no nosso país é vitoriosa.”
Fonte: folhapress