No Comércio, ponto de partida da Imagem do Senhor do Bonfim em direção à Colina Sagrada, diversas manifestações culturais, grupos, bandas e artistas se reúnem para seguir em cortejo até a Praça Irmã Dulce, na Cidade Baixa, contribuindo com a diversidade cultural da festa. A Empresa Salvador Turismo (Saltur), vinculada à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) é o órgão responsável por organizar as entidades culturais.
Nas proximidades do Elevador Lacerda, foi possível ouvir o som das palmas, pandeiros, reco-reco e agogô da Caravana Cultural de Ouriçangas, no leste baiano. No grupo, o bumba meu boi e a burrinha representavam a região Nordeste. O idealizador do projeto, Everaldo Carneiro de Souza, 48 anos, conhecido como Guiga Poeta, conta que este foi o segundo ano de desfile com o grupo, apesar de já participar da lavagem todos os anos há 20 anos de maneira independente.
“Para mim é uma honra! Salvador é a cidade da alegria, um terreno multicultural, que tem de tudo, e para a gente que faz parte dessa cultura, é muito prazeroso. Nossa caravana tem, em média, 90 pessoas. Trouxemos o bumba meu boi, que é uma representação folclórica do Nordeste e a burrinha, que existe em vários estados, sobretudo na Bahia, para representar a nossa cultura e identidade. Vamos até a Cidade Baixa neste batuque e nesta pegada”, contou.
Preservação da cultura – Logo atrás da caravana, os tambores da Associação Cultural Tambores e Cores ecoavam e levavam ritmo para os admiradores da Lavagem do Bonfim. “Eu acho que a nossa cultura não pode ser perdida. Quanto mais estivermos aqui para mantermos essa tradição viva para o nosso Senhor do Bonfim, para a padroeira da Bahia, Santa Bárbara e todos os outros santos e orixás cultuados por nós, para mim não tem remuneração que pague. É muito gratificante”, disse Vagner Santana, 33 anos, responsável pelo grupo, que já existe há 23 anos, com sede no Pelourinho.
Também na concentração, em sua carroça elétrica, o cantor e compositor Reinaldinho se preparava para dar um show, cantando canções clássicas do Terra Samba e também atuais. “Eu sempre vim como folião, todos os anos, antes de me tornar músico profissional. Hoje eu reservo a data para vir com a carroça elétrica, que é um projeto novo. Este é o segundo ano. Sair na Lavagem do Bonfim é como no Carnaval, uma loucura para organizar, muita gente para mover, várias pessoas trabalhando. Mas a gente nasceu para isso. Para o artista não tem nada como o calor do público e na Lavagem do Bonfim, como tem essa questão da fé, a gente fica muito mais empolgado em fazer, porque é uma vez por ano, é especial”.
Entidades – A Saltur cadastrou mais de 60 entidades culturais, entre bandas, músicos e grupos independentes. Entre as bandas e blocos que participaram do desfile, estão o Afoxé Filhos de Gandhy, o bloco afro Muzenza, Malê Debalê, Nelson Rufino e bloco Amor e Paixão, Bicicleta Sonora e o Ilê Aiyê
A concentração ocorre entre a Avenida Contorno e a Praça Tupinambás. É proibida a utilização de cordas e de carroças com tração animal. Depois do término do evento, os carros inscritos não podem permanecer em nenhum lugar do circuito, ficando sujeito a reboque e multa, assim como não pode subir a Colina Sagrada, voltando à Praça Irmã Dulce no Largo de Roma.
Reportagem: Priscila Machado/Secom PMS