Durante entrevista ao vivo à Rádio Espinharas, de Patos (PB), hoje, 15, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as mudanças feitas pelos governos Temer e Bolsonaro, especialmente as reformas, como a trabalhista e a da Previdência, e o teto de gastos públicos introduzido em 2016.
“Eu digo sempre que o povo mais humilde sempre aprendeu o seguinte: toda vez que a gente fala em reforma, o povo acredita que é para melhorar. Reformar a casa, é para melhorar; reformar o carro, é para melhorar. Aqui no Brasil, toda vez que a elite brasileira fala em reforma, é para destruir aquilo que a gente tem. A Reforma da Previdência foi para piorar, a reforma trabalhista foi para piorar, a reforma administrativa é para piorar”, afirmou o ex-presidente.
Para ele, a PEC 95, aprovada pelo governo Temer em 2016, foi uma medida que atinge apenas as populações menos favorecidas do país, já que limita os gastos públicos por um período de 20 anos. “Eu sinceramente não acredito em teto de gastos, teto de gasto é incompetência de quem governa o país. O presidente da República senta com os ministros, elabora o orçamento e diz ‘vamos precisar gastar tanto nisso, tanto naquilo, e nós vamos fazer o necessário’. Não tem que limitar, porque quando você limita, gasta menos para o benefício do povo. Eles consideram pagar a aposentadoria gasto, eles consideram pagar salário gasto, eles consideram fazer investimento para melhorar a Saúde um gasto”, ressaltou o ex-presidente.
Lula ainda usou um exemplo da própria Petrobras, que paga benefícios milionários para seus diretores e acionistas, enquanto os preços dos combustíveis disparam e afetam diretamente a inflação. “Como é que não pode ter gasto, se eles gastam todo santo dia? Eu tava vendo que a Petrobras pagou 13 milhões em bônus para apenas nove diretores. Então, você tenta fazer um teto de gastos para não fazer as coisas para o povo pobre, mas você não faz teto de gastos para conter o abuso dos altos salários nesse país, os executivos de empresas públicas, que não deveriam ganhar bônus”, criticou.
O ex-presidente exemplificou as diferenças entre os governos do PT e o atual com um episódio de seu primeiro mandato. “Muitas vezes o gasto é investimento. Eu lembro quando cheguei na Presidência, em 2003, numa reunião que nós tivemos, fui falar que queria fazer universidades, meu ministro da Fazenda falou: ‘Nós não podemos gastar’. Falei: ‘Daqui pra frente, está proibido utilizar a palavra gasto quando se tratar de Educação, de Ciência e Tecnologia e de Saúde’, é isso que vai ser feito neste país”.