uatro anos depois do acidente que matou os jovens Emanuel e Emanuelle Gomes Dias, a médica kátia Vargas foi absolvida pelo júri popular pelas mortes dos irmãos na noite desta quarta-feira (6). Durante dois dias, testemunhas de defesa e acusação, além dos advogados e promotores, foram ouvidos pela juíza Gelzi Souza e os sete jurados. O júri popular chegou a sentença que absolveu totalmente Kátia, segundo a TV Bahia.
A médica tinha sido acusada pelo Ministério Público de duplo homicídio qualificado dos irmãos Emanuel e Emanuelle em 2013, com três qualificadores: motivo fútil, falta de possibilidade de defesa das vítimas e perigo comum.
O julgamento começou na manhã de terça-feira (5) e as primeiras testemunhas afirmaram que houve desentendimento entre a ré e as vítimas e uma delas confirmou a perseguição e o momento em que Kátia bateu seu carro na moto das vítimas.
A defesa levou algumas testemunhas para falar sobre a solidariedade da médica e mostrar uma Kátia mais humana e família. Já o perito contratado pela médica, Albery Espínola afirmou que o carro “encostou” na moto, mas que “não bateu”.
O momento mais esperado desta quarta-feira foi o depoimento da médica. Ela negou que tenha batido na moto em que os irmãos estavam. “Eu acelerei o carro para ultrapassar a moto, não para alcançar a moto”, disse a médica, que prosseguiu seu depoimento: “Quero dizer que em momento algum eu tive a menor intenção de causar nenhum acidente naquele dia. Eu não trisquei naquela moto. Eu ultrapassei aquela moto completamente”. Kátia Vargas não respondeu as perguntas da acusação por orientação dos advogados de defesa.
O caso
Dia 11 de outubro de 2013, os irmãos Emanuel e Emanuelle estavam em uma moto quando sofreram uma batida pelo carro dirigido por Kátia Vargas, em frente ao Ondina Apart Hotel. Segundo a conclusão do inquérito policial e acusação do Ministério Público (MP), a colisão foi provocada de maneira intencional pela médica. Ela havia discutido com Emanuel perto de um sinal pouco antes.
Em dezembro do ano passado foi realizada a constituição do crime, feita pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). Testemunhas, que não foram nomeadas no despacho da Justiça, participaram da reconstituição. No mesmo ano do acidente, a família conseguiu com o que caso fosse a júri popular. O Supremo Tribunal Federal (STF) negou um pedido da defesa da médica para que isso não ocorresse. A defesa da oftalmologista já havia recorrido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que também negou.
A oftalmologista obstruiu o sentido de direção da moto pilotada por Emanuel que trazia na garupa sua irmã Emanuele, projetando-os contra um poste, em frente ao Ondina Apart Hotel, resultando na morte instantânea dos irmãos. Imagens gravadas do local mostram o carro da médica seguindo atrás da moto antes da batida. A médica ficou presa por quase dois meses no Conjunto Penal Feminino, no Complexo da Mata Escura, em Salvador.