Com o objetivo de monitorar as populações da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) tem colaborado ativamente com o censo da espécie desde 2017, sendo esta a sua quarta participação no projeto de conservação. O censo, realizado a cada dois anos, abrange as áreas de ocorrência da arara-azul no Raso da Catarina e Boqueirão da Onça, na Bahia. Nessas regiões, são monitorados 11 dormitórios coletivos, sendo 8 em paredões rochosos e 3 em árvores.
Marianna Pinho, bióloga da diretoria de Sustentabilidade e Conservação (Disuc), destacou a importância do levantamento populacional. “Conhecer as estimativas populacionais e a distribuição das espécies ao longo do tempo é fundamental para avaliar a taxa de declínio ou crescimento das populações. Com essas informações, definimos critérios para estabelecer o grau de ameaça de uma espécie, o que embasa o planejamento adequado das estratégias de conservação. A longo prazo, isso permite uma avaliação precisa da efetividade dessas ações”.
O censo da arara-azul-de-lear é realizado anualmente por órgãos governamentais desde 2001, ano em que foram contados 228 indivíduos no Raso da Catarina. No entanto, foi somente a partir de 2018 que o processo adotou uma metodologia padronizada, quando a população foi estimada em aproximadamente 1.700 araras.
Em 2022, foram registradas 2.254 araras no Raso da Catarina e 19 no Boqueirão da Onça. Sara Alves, também bióloga da Disuc, prevê um aumento populacional em 2024. “A expectativa é que o número de araras ultrapasse os valores anteriores. Além disso, já observamos que esses animais estão ocupando novos dormitórios, ampliando suas áreas de dormida e alimentação”, comemora.
Diversas instituições de pesquisa, organizações não governamentais, além de órgãos federais e estaduais, participam do censo sob a coordenação do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave). As contagens são realizadas em dois períodos do dia, ao amanhecer, quando as araras deixam os dormitórios para buscar alimento, e ao entardecer, quando retornam para seus abrigos. O monitoramento se estende por três dias consecutivos.
Além de sua participação no censo, o Inema é membro do Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) do Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves Ameaçadas de Extinção do Bioma Caatinga (PAN Aves da Caatinga), reafirmando seu compromisso com a preservação das espécies ameaçadas.
Fonte: Ascom/Sema