Pesquisas recentes apontam para um momento desafiador para os estabelecimentos de alimentação fora do lar no terceiro trimestre de 2023. Com queda no volume de vendas, aumentou o número de bares e restaurantes trabalhando com prejuízo. E as margens continuam apertadas, com a dificuldade de recuperar preços.
A pesquisa mensal de serviços divulgada pelo IBGE nesta terça-feira (17) trouxe más notícias para o setor de alojamento e alimentação, no qual os bares e restaurantes representam 90% do total. Em agosto, houve uma queda de -3,5% no volume desse setor, contribuindo para a queda geral nos serviços do país, que foi de -0,9% no mesmo mês. No entanto, nos últimos doze meses, o volume no setor de alojamento e alimentação apresenta uma variação positiva de 6,8%, superando a média geral, que é de 5,3%.
Corroborando com os números do IBGE, pesquisa da Abrasel mostra que no mês de agosto houve um aumento notável no número de empresas que operaram no prejuízo, atingindo 24% das empresas pesquisadas. Esse aumento foi de 5% em relação à pesquisa anterior realizada em julho. Além disso, 34% das empresas conseguiram manter seu equilíbrio financeiro, enquanto 41% registraram lucro.
“Os empresários, em nossa pesquisa, apontaram a queda no volume de vendas em agosto como a principal causa para o resultado ruim. E a pesquisa do IBGE confirma esta percepção, mostrando uma queda forte no volume, o que nos preocupa. Precisamos acompanhar com atenção se foi uma variação sazonal ou se há uma tendência. Mas continuamos com a expectativa de que o final do ano traga um volume maior. De todo modo, é preciso atenção com estas empresas em dificuldades, principalmente as que ainda patinam para se recuperar das perdas causadas pela pandemia”, afirma o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
A redução no volume de vendas também teve um impacto na inflação do setor, que registrou uma variação positiva de 0,12% em setembro, de acordo com dados do IPCA divulgados pelo IBGE. Esse valor ficou abaixo da média da inflação para o mês, que foi de 0,26%. Nos últimos 12 meses, os aumentos nos preços de bares e restaurantes estão praticamente em linha com a média geral de inflação, com um aumento de 5,42%, comparado a 5,19% do índice geral. Isso mostra que houve pouco espaço para uma recuperação nos preços dos cardápios, refletindo também a situação desafiadora enfrentada pelo setor.
“A queda no volume de vendas é muito ruim para quem ainda está trabalhando com margens apertadas, uma herança dos tempos difíceis que tivemos recentemente. Houve uma pequena recuperação nos últimos doze meses, mas isso ainda não é o suficiente para melhorar a situação como um todo e permitir, aos 41% que estão trabalhando com lucro, pensar em aumento de quadro e novos investimentos, como gostaríamos”, completa o presidente da Abrasel.