Um ano de dignidade e moradia decente. O Conjunto Habitacional Guerreira Zeferina, ao lado da Estação de Trem de Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, completa o primeiro aniversário neste sábado (6). Por 14 anos, a localidade ficou conhecida como Cidade de Plástico – referência à lona que servia de teto para os barracos feitos de madeirite. Passado que, para muitos moradores, foi esquecido.
Hoje, a vida das 257 famílias tem um outro sentido. O conjunto habitacional, composto por 10 prédios espalhados em uma área com mais de 20 mil m², abriga moradores com toda a infraestrutura, incluindo 20 moradias adaptadas para pessoas com deficiência.
No apartamento nº 6 do bloco E, prédio que abriga pessoas com necessidades especiais, reside o idoso Wilson Rodrigues dos Santos, 71 anos. Vítima de uma deficiência na perna direita, ele vive no imóvel com o sobrinho de 40 anos, que também sofre com uma doença psíquica e tem idade mental de uma criança de 4 anos. Para o morador, que foi um dos fundadores da Cidade de Plástico, em 2004, o Conjunto Habitacional Guerreira Zeferina parece um sonho.
Questionado sobre a vida que levava, ainda no barraco de plástico, ele balança a cabeça fazendo sinal de negação. “Não gosto nem de lembrar. A vida aqui é outra. Hoje tenho um lar, uma casa decente para chamar de minha. Nem no melhor sonho da minha vida pude imaginar que viveria com essa qualidade”, diz ele na sala de casa, que possui uma bela vista para o mar.
As primeiras 125 famílias receberam as chaves em abril de 2018, quando a primeira etapa das obras foi entregue durante as comemorações do aniversário de Salvador. Em janeiro deste ano, começaram a ser ocupadas as 132 moradias restantes, pertencentes à segunda etapa da intervenção.
Um dos primeiros apartamentos a ser entregues, em 2018, foi o da cabeleireira Elisete Nunes, 37 anos, que vive com os cinco filhos de 17 anos, 14, 11, 6 e a caçula de um ano e sete meses, no imóvel de número 107, no bloco B. Suburbana há 25 anos, ela faz questão de esquecer o período de 10 anos em que viveu em um barraco na então Cidade de Plástico. Instalada no imóvel, ela conseguiu acomodar os meninos em um dos quartos e no outro dorme com seu companheiro.
A filha caçula de Elisete é uma das alunas contempladas pela Escola Municipal Guerreira Zeferina, creche e pré-escola erguida dentro do conjunto habitacional. Com 830 m², a unidade de ensino atende até 130 crianças da comunidade em turno integral. O prédio tem dois pavimentos, dez salas de aula, três salas de descanso, diretoria, secretaria, sanitário, solário, playground, cozinha, dispensa, espaço para freezer, lavanderia e área de serviço.
Investimento
A reurbanização da Comunidade Guerreira Zeferina teve início em agosto de 2016. O investimento total foi de R$21 milhões, oriundos de recursos próprios da Prefeitura de Salvador. No espaço, localizado entre a via férrea e o mar, há também um centro comunitário, quatro boxes comerciais distribuídos em dois quiosques, um parque infantil e uma academia de saúde.
Além da intervenção urbanística, durante as obras, os moradores tiveram acompanhamento social que englobou ações como auxílio na relocação de famílias, concessão de Aluguel Social e até mesmo cursos de capacitação profissional para que as pessoas tivessem a oportunidade de garantir o próprio sustento. As capacitações possibilitaram, por exemplo, que alguns moradores pudessem ser contratados para trabalhar na própria obra de construção do conjunto.