O governo americano confirmou nesta sexta-feira (2) oficialmente a saída do tratado de desarmamento nuclear sobre mísseis de alcance intermediário (INF), assinado em 1987 com a então URSS nos últimos anos da Guerra Fria.
Os Estados Unidos voltaram a acusar a Rússia de violar o emblemático texto bilateral com seu sistema de mísseis 9M729.
“A retirada dos Estados Unidos conforme o artigo XV do tratado tem efeito hoje porque a Rússia não retornou ao respeito total e verificado”, afirma em um comunicado o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo. Ele está em Bangcoc para acompanhar um encontro de países do sudeste asiático.
Alguns minutos antes, a Rússia já tinha anunciado o fim do tratado “por iniciativa dos Estados Unidos”.
O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, afirmou que seu país propôs aos Estados Unidos uma moratória na instalação das armas nucleares.
Em fevereiro, Washington suspendeu sua participação no tratado, ao acusar Moscou de fabricar mísseis que não estavam de acordo com o estipulado no tratado. Moscou, que rejeita a acusação, seguiu a decisão de Washington e também anunciou a suspensão de sua participação.
Temor de nova corrida armamentista
O tratado, assinado pelo presidente Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev em dezembro de 1987, aboliu o uso de mísseis com alcance entre 500 e 5.500 km. Ele encerrou a crise dos mísseis europeus na década de 1980, provocada pela presença de ogivas nucleares SS-20 soviéticas dirigidas a capitais ocidentais.
A suspensão do tratado INF gera temores de uma nova corrida armamentista entre Moscou e Washington.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou que a organização não quer uma nova corrida armamentista. “Não queremos uma nova corrida armamentista e não temos intenção de implantar novos mísseis nucleares terrestres na Europa”, disse Stoltenberg em uma coletiva de imprensa em Bruxelas.