O surto do novo coronavírus causou uma demanda anormal por este produto, sendo que neste momento é quase impossível encontrar gel antibacteriano à venda no mercado. Todavia, especialistas alertam que nem todos os géis antibacterianos ou desinfetantes são realmente eficazes.
Segundo as autoridades de saúde, além do distanciamento social e do isolamento voluntário ou quarentena, uma das formas mais eficazes para evitar o contágio da Covid-19 é a higienização correta e regular das mãos. Porém, é verdade que nem sempre é possível lavá-las com água e sabão e é nessas eventualidades que o gel antibacteriano pode ser a solução.
Contudo, e conforme explica um artigo publicado na revista Galileu, não basta aplicar este produto nas mãos para combater ameaças como o novo coronavírus. Eis os motivos:
1. Alguns tipos de álcool não funcionam
Estudos alertam que o álcool em gel deve ter no mínimo 60% de concentração alcoólica para matar vírus e bactérias.
Entretanto, muita atenção! Segundo a Galileu, uma quantidade demasiado elevada da substância, também não é efetiva. Por exemplo, utilizar o álcool 94% (usado em produtos de limpeza doméstica) não funciona, já que se evapora rapidamente.
“Aplicar álcool a 100% também secaria a pele muito rapidamente, além de a irritar. Isso pode fazer com que não desinfete as mãos com a frequência necessária. Esse é o motivo porque a maioria dos desinfetantes para as mãos contém emolientes, que são misturas que ajudam a amaciar e hidratar a pele”, escreveu Jeffrey Gardner, professor da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, no site The Conversation.
Num outro artigo, divulgado no mesmo site, os professores Shobana Dissanayeke e James McEvoy, da Universidade de Londres, no Reino Unido, recomendam a aplicação nas mãos de produtos cuja concentração alcoólica varie entre 60% e 80%.
2. Aplique bem e corretamente o gel
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), explica que é necessário cobrir totalmente todas as superfícies das duas mãos com o desinfetante e esfregá-las até que sequem.
3. Preste atenção aos desinfetantes sem álcool
Existem outros tipos de desinfetantes sem álcool que prometem exterminar microrganismos. Por mais que sejam efetivos, os produtos sem álcool geralmente contêm compostos de amónia trigonal (cloreto de benzalcônio), que podem diminuir a presença de micróbios, no entanto não são tão eficazes, refere Manal Mohammed, da Universidade de Westminster, em Londres, no Reino Unido, também ao The Conversation.
4. Gel antibacteriano não é suficiente… lave as mãos!
O álcool em gel funciona na dizimação de vários microrganismos como a Covid-19. Todavia, outras famílias de microrganismos são mais resistentes ao produto, como é o caso, por exemplo, do norovírus e algumas variações do vírus VHA, responsável pela hepatite A.
“Lavar as mãos com cuidado é sempre preferível aos desinfetantes à base de álcool para qualquer vírus. A ação física da fricção, a ação surfactante do sabão e a água corrente ajudam a remover o vírus das mãos”, aconselhou Christine L. Moe, da Universidade Emory, nos Estados Unidos, à publicação Popular.