A família do estudante João Vitor Domat Remus, 13 anos, pretende entrar com uma ação na Justiça pedindo a retirada dos carregadores paralelos de celular de circulação. O adolescente morreu, em 6 de agosto, no Tocantins, após levar um choque ao encostar no plug macho de um aparelho que quebrou, dentro de uma extensão, com poucos dias de uso. Os pais do menino esperam o resultado da perícia para dar início ao processo judicial.
O pai do adolescente, Frederico Remus, 47, contou ao Correio que, no início da pandemia, a família foi passar uma temporada em Tocantins (TO), onde ele tem um negócio. Na noite de 28 de julho, a irmã de João Vitor, 14, estava usando o carregador em uma extensão, quando o menino pediu para utilizar o cabo. “Ela tirou o carregador e entregou a extensão para ele, mas ninguém viu que o carregador havia quebrado, e parte dele ficou na tomada da extensão. Quando ele ligou a extensão na tomada e foi conectar o outro aparelho, acabou levando o choque”, detalhou.
No momento do acidente, o menino estava em casa com a irmã e a mãe, Kellen Remus, 40. O pai estava chegando em casa, por volta das 23h, quando soube do ocorrido. Vizinhos da família, que atuam na área da saúde, tentaram reanimar João Vitor por 35 minutos, enquanto aguardavam a chegada do Corpo de Bombeiros.
Em seguida, ele foi levado para o Hospital Geral de Palmas (HGP), onde a equipe médica conseguiu reanimá-lo. “Todo mundo ficou alegre, porque ele estava voltando. Eu estava com esperança de que tudo daria certo, mas ele precisou ficar na UTI por 10 dias. No dia 6, ele teve morte encefálica”, disse Frederico. O enterro do adolescente ocorreu no sábado (8/8).
Sorriso fácil
Kellen descreveu o filho com “um menino de luz, que onde passava deixava a marca dele”. Ela contou que ele sempre queria tirar sorriso de todos que estavam por perto, além de ser um adolescente autêntico e que ajudava a família. “Ele fazia amizade fácil, falava a verdade nua e crua, tinha um poder de conclusão rápido. Era um menino inteligente. Gosta de jogar Fortnite. Eu perdi uma parte do meu corpo, perdi meu coração”, disse.
Perícia
A família mora no Sudoeste, em Brasília, mas, como o acidente ocorreu em Tocantins, a investigação e a perícia estão a cargo da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento a Vulneráveis (DAV-Palmas). Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública do estado informou que, por se tratar de um adolescente, o caso é apurado em sigilo.
Com o resultado da perícia em mãos, a família quer entrar com uma ação no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pedindo a suspensão da venda de carregadores sem comprovação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). “Meu filho foi vítima de uma arapuca. Não tinha um mês que compramos o carregador. Ninguém imagina que isso vai acontecer. Uma parte de mim foi embora. Tiraram uma parte do meu coração”, declarou Frederico, com voz embargada de emoção.(EM)
foto: Arquivo Pessoal)