O bairro de Fazenda Coutos é apontado pelo Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), realizado em abril deste ano, com o maior Índice de Infestação Predial (IIP) de Salvador, com 10,1%. Este valor é 10 vezes acima do 1% recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), deixando o bairro com ‘bandeira vermelha’.
O subúrbio ferroviário é a região com o maior percentual de infestação. Dos 24 bairros analisados, 14 têm percentual maior que 4% de IIP. Em toda cidade, o número médio é de 2,7%.
A cada 100 imóveis visitados, aproximadamente três apresentam focos do mosquito transmissor de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Índice alarmante pode ter muitas causas, conforme a subgerente das arboviroses do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Isolina Miguez. “Sempre é preciso pensar no conjunto. O problema da dengue é multifatorial. Por exemplo, a falta de água pode aumentar o número de mosquitos. As pessoas precisam armazenar água de forma irregular e, para facilitar o manuseio, deixam sem tampa”, salienta.
Ela completa afirmando que o lixo acumulado em córrego é outro fator agravante.
Moradores de Fazenda Coutos alertam para a dificuldade de evitar a proliferação do mosquito. “A gente usa repelente e fecha a caixa d’água, mas não adianta se cuidar em casa e ter água parada em todo lugar na rua”, conta Lauana dos Santos, moradora da rua Eixo 35.
Vânia dos Santos mora em uma casa ao lado de um esgoto a céu aberto e reclama da situação do bairro. “Eles prometeram que iam aterrar esse esgoto há muito tempo. Até hoje não fizeram nada. Isso aqui é um perigo. É só chover que enche de mosquito”, denuncia.
Com a falta de assistência da gestão pública, moradores muitas recorrerem a ajuda de amigos para limpar os córregos e evitar infestação maior. É o caso de Deraldo Fernandes, que há mais de 40 anos mora na Rua da Alegria, e pediu apoio aos vizinhos para limpar a área em frente ao imóvel onde mora. “Se não fosse a união da gente, estávamos perdidos. Aqui precisa ser um ajudando o outro”.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que vai retomar, ainda este mês, os “faxinaços” pela cidade para eliminar focos e criadouros dos vetores. Durante a mobilização, as visitas aos imóveis, limpeza e remoção de lixo são intensificados.
Fonte: A Tarde