As exportações de sucata ferrosa, insumo usado na composição de aço pelas usinas siderúrgicas, alcançaram 38.203 toneladas em janeiro deste ano, uma queda de 29,5% em relação às 54.170 toneladas de dezembro do ano passado. Comparadas às 19.001 toneladas em janeiro de 2021, as vendas externas de sucata dobraram no mês passado.
Já as importações do insumo foram de apenas 2.692 toneladas, voltando aos baixos patamares verificados nos primeiros meses do ano de 2020, após volumes elevados e pontuais no primeiro quadrimestre de 2021 e novembro do ano passado. A média nos primeiros quatro meses de 2021 foi de 41 mil toneladas. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Economia/Secex.
Segundo informações da S&P Global Platts, agência americana especializada em fornecer preços-referência e benchmarks para os mercados de commodities, a diversificação nas vendas de sucata ferrosa passou a ser uma estratégia das empresas, “em meio às flutuações da demanda local e dos preços internacionais, juntamente com o impacto da inflação nos custos fixos dos recicladores”.
Na opinião de um trader consultado pela S&P, o mercado doméstico tem remunerado adequadamente a sucata e para muitos recicladores a decisão de manter os materiais no mercado local é um bom negócio, principalmente na região Sudeste. “No entanto, em outras regiões, muitos recicladores estão recorrendo ao exterior em busca de melhores negócios”, diz essa fonte.
Para o presidente do Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa), Clineu Alvarenga, as recicladoras sempre preferem vender no mercado interno e só exportam excedentes não comercializados localmente. “Sempre damos prioridade ao mercado local. A exportação, que cresceu nos últimos anos, é hoje importante alternativa das empresas de sucata ferrosa em momentos de crises econômicas, com forte retração do consumo, e uma forma de manter as operações, o equilíbrio do meio ambiente, evitar demissões e o sustento de milhares de pessoas que fazem dos insumos recicláveis uma fonte de trabalho, emprego e renda”.
Os preços domésticos da sucata ferrosa brasileira seguiram direções distintas no segundo semestre de 2021, conforme o levantamento da S&P, quando as usinas locais aplicaram redução na sucata de obsolescência (que se origina de produtos colocados em desuso, como embalagens, máquinas, fogões, geladeiras, entre outros), abrindo espaço para o incremento das exportações.
Em fevereiro, houve um descolamento entre os preços da sucata miúda (HMS) e da sucata de estamparia para aciaria. Enquanto a primeira se desvalorizou, a segunda continuou em patamares mais elevados, dada a baixa geração industrial no período.
O Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa) estima que a demanda por sucata ferrosa no Brasil superou 9 milhões de toneladas em 2021, 13,1% acima de 2020, que fechou em 7,957 milhões de toneladas.
Créditos da imagem: ALEXANDRE LOMBARDI