O advogado José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, foi preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira (29), em São Paulo. A decisão foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga se Temer, por meio de decreto, beneficiou empresas do setor portuário em troca do suposto recebimento de propina. Ele vai ficar na cadeia, pelo menos por enquanto, por cinco dias, já que trata-se uma prisão temporária.
“É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania”, afirmou o advogado José Luis de Oliveira Lima, que defende Yunes.
Em novembro do ano passado, Yunes prestou depoimento à Polícia Federal, no inquérito dos portos, onde relatou uma operação de venda de imóvel para o presidente Michel Temer. O advogado é apontado pelo operador financeiro Lúcio Funaro, delator da Operação Lava Jato, como um dos responsáveis por administrar propinas supostamente pagas a Temer. Segundo Funaro, para lavar o dinheiro e disfarçar a origem, Yunes investia valores ilícitos em sua incorporadora imobiliária.
Em dezembro de 2016, Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência da República para, segundo afirmou, preservar a dignidade. Na carta de demissão a Temer, ele afirmou que viu seu nome “jogado no lamaçal de uma abjeta delação”. “Repilo com força de minha indignação essa ignominiosa versão”, afirmou Yunes na carta.