Ao som de “O Guarani” de Heitor Villa Lobos, o espetáculo “Aos Pés do Caboclo” foi iniciado na noite deste sábado (29) na Praça 2 de Julho, no Campo Grande. A apresentação, performada pelo Balé Folclórico da Bahia, abriu os festejos da Independência da Bahia e encantou o público que foi ao local para acompanhar a estreia.
O prefeito Bruno Reis assistiu à apresentação e aproveitou para convidar os soteropolitanos para a próxima sessão, neste domingo (30), às 19h. “Um verdadeiro sucesso. O espetáculo ‘Aos Pés do Caboclo’ não poderia ser encenado em outro lugar que não aqui, literalmente no pé do caboclo. Uma iniciativa da Fundação Gregório de Mattos (FGM) para valorizar a nossa cultura, nossa história e nossa arte, dentro dos festejos do 2 de Julho, a data mais importante da Bahia”, afirmou.
“É um espetáculo belíssimo, que há 46 anos foi apresentado por Lia Robatto e a gente resgatou agora com o Balé Folclórico, com Zebrinha e Vavá Botelho, com artistas, dançarinos e belíssimos figurinos. Esse espetáculo é um dos pontos altos das apresentações que teremos do 2 de Julho, data importante para enaltecer os heróis da independência, que permitiram que tivéssemos nossa soberania popular, a democracia, que o Brasil avançasse tanto, com benefícios para toda a população”, acrescentou o prefeito.
Para o presidente da FGM, Fernando Guerreiro, a encenação, que contou com mais de 100 bailarinos, foi um momento de muita emoção. “Temos, mais uma vez, o teatro e a dança no 2 de Julho, um espetáculo histórico que foi apresentado em novembro de 1977, o ano em que comecei no teatro. Então é emocionante essa homenagem a Lia, e trazendo a excelência do Balé Folclórico da Bahia. Eu espero que inclusive esse espetáculo saia da Bahia e seja apresentado em outros lugares”, destacou.
A homenageada Lia Robatto não escondia a alegria e a expectativa de ver os artistas em cena. “Eu assisti a um ensaio antes e hoje, aqui, eu tenho certeza que será lindo. Fiquei encantada com o ensaio. A abordagem do Balé Folclórico é outra época. Quando montei o espetáculo, ele tinha um cunho político, libertário, e esse é mais de exaltação ao heroísmo, às etnias, à cultura. Está lindo e tem uma pegada indígena muito bacana. Estou feliz em ser homenageada, de lembrarem quase 50 anos depois, fico muito contente”, afirmou.
Após o espetáculo, Lia agradeceu a todos os presentes. “Vocês proporcionaram a recepção do talento de Vavá e Zebrinha. O músico e arranjador Cabo, que cuidou da orquestra que foi importante, é lindo ver a participação. O lindo da dança é que ela consegue integrar várias linguagens. Figurinos deslumbrantes que preencheram a praça, estou feliz e emocionada. Toda homenagem é ótima e ainda mais no meio de amigos e dançarinas”, declarou.
Minutos antes de entrar em cena, o fundador e diretor-geral do BFB, Vavá Botelho, contou que a emoção estava à flor da pele. “Estou muito emocionado, principalmente agora depois da concentração em que o coletivo indígena puxou as orações e foi emocionante. A energia é grande e todos estão empenhados e concentrados, e felizes em fazer parte do evento. Eu, particularmente, por ter vivenciado com Lia muitas coisas na vida. Então este momento é extremamente importante”, disse.
Diretor artístico do espetáculo, José Carlos Arandiba, o Zebrinha, ressaltou que a memória é um dos movimentos intelectuais mais importantes na comunidade. “E o Balé Folclórico se permitir fazer isso, a trazer Lia Robatto, grande mestra da dança, com um espetáculo que foi icônico na época, trazendo sua memória e falando dela em um evento, homenageando os esquecidos, excluídos do 2 de Julho, e dividir a tarefa com a comunidade indígena, com pessoas de Salvador, é impressionante. Estou deveras emocionado”, afirmou.
Bailarino há mais de 30 anos, Dudé Conceição faz parte do Balé Folclórico na montagem e conta que, mesmo após tanto tempo de dança, a ansiedade ainda mexe com ele. “A emoção está acima da média, e a gente espera fazer um grandioso espetáculo aqui hoje. Estou feliz e um pouco nervoso. Estou aqui representando meu povo, através da dança. É lindo”.
Representante dos povos originários indígenas da etnia Tupinambá de Olivença, Kireymbab Trakaja, de 33 anos, conta que ficou feliz com o convite. “Eu me sinto realizado por ser ouvido, por ter espaço para apresentar nossa luta, nosso coletivo, porque somos uma diversidade de povos, e é o início de mais uma luta, uma conquista de muitas que virão. O espetáculo está lindo, muito encantado, e sinto de verdade a emoção no coração”, revelou.
Com direção artística de Zebrinha, o espetáculo foi encerrado ao som do Hino ao 2 de Julho, entoado pela banda da Marinha.
Apresentações culturais – Além do espetáculo “Aos pés do caboclo”, outras atrações culturais também vão fazer parte da programação em celebração à Independência do Brasil na Bahia. Na segunda-feira (1º), às 17h, o Cortejo Afro vai se apresentar no Largo de Pirajá.
Na terça-feira (2), das 9h às 12h, ocorre uma apresentação performática de teatro do grupo Dois do Sete, no Pelourinho. Às 14h, a Avenida Sete de Setembro, no trecho entre a Praça Castro Alves e o Campo Grande, será palco do 2º Festival de Fanfarras e Balizas. Em seguida, das 17h30 às 21h30, será realizado o Encontro de Filarmônicas com o maestro Fred Dantas e participação da Banda de Música da Guarda Municipal, Filarmônica Ambiental de Camaçari, Filarmônica Ribeirinhos do Vale do São Francisco (Xique-Xique), Filarmônica Lyra Ceciliana (Cachoeira), Filarmônica Guerreiros do Sol (Dias D’Ávila) e Oficina de Frevos e Dobrados.
Na quarta-feira (3), às 17h, no Campo Grande, o público poderá conferir a apresentação do Coral da Cidade do Salvador, o show do cantor Gerônimo e Banda Mont Serrat, em homenagem ao 2 de Julho, e o Baile da Independência com a Orquestra do Maestro Fred Dantas e convidados.
Na próxima quinta-feira (4), às 19, será a vez do show especial com a cantora Mariene de Castro, também no Campo Grande. Por fim, na sexta-feira (5), às 18h, ocorre a tradicional Volta da Cabocla, com o retorno dos carros emblemáticos partindo do Campo Grande e sendo recebidos com o Samba de Caboclo, às 20h, no Largo da Lapinha. De 12 a 14 de julho, ocorre ainda a Festa de Labatut, no fim de linha de Pirajá.
Reportagem: Ana Virgínia Vilalva/ Secom