A diretora de produções originais brasileiras da Netflix, Maria Angela de Jesus, receberá o Prêmio Maria Felipa nesta quinta-feira (25), às 18h, na Câmara Municipal de Salvador. A homenagem, que completa 10 anos e é coordenada atualmente pela vereadora Ireuda Silva (PRB), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, busca reconhecer mulheres negras e latino-americanas que se destacam na luta contra o racismo e pela conquista de direitos. Ao todo 20 mulheres receberão a honraria.
Nascida em Mogi Mrim (SP), Maria Angela formou-se em Jornalismo em 1986. Logo após a formatura, iniciou carreira como repórter de entretenimento na revista Veja. Em paralelo às atividades como jornalista e crítica de cinema, a comunicóloga se tornou uma importante colaboradora da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Em seguida, assumiu o Departamento de Conteúdo da HBO Latin America, iniciando a produção de séries originais no Brasil.
Nesta posição, produziu algumas das séries de TV de grande sucesso no Brasil, incluindo os indicados ao Emmy: PSI, Mandrake e Filhos do Carnaval, bem como Magnífica 70, O Hipnotizador e O Negócio, entre outros. Angela ingressou na Netflix em novembro de 2017, na posição de diretora criativa de séries originais. Como escritora, é autora de três biografias de artistas brasileiros: Ruth de Souza – Estrela Negra, Eva Todor – Minha Vida no Teatro, e Glauco Laurelli – Um Artesão do Cinema.
Preconceito duplo
Neste ano, serão premiadas 20 mulheres, incluindo a prefeita de Itaparica, Marylda Barbuda; a atriz e produtora Maria Gal; a vereadora de Nazaré Laura Tita; a jornalista da TV Record Tarsila Alvarindo; Naira Gomes, coordenadora da “Marcha do Empoderamento Crespo”; e a primeira mestre de obras da Bahia, Maria do Amparo (a lista completa você confere no final do texto).
“A Bahia e o Brasil ainda sofrem com a discriminação racial, que segrega e mutila direitos fundamentais. Nesse contexto tão cruel e que ainda guarda resquícios da escravidão, as mulheres negras são duplamente vitimadas, já que o preconceito tem natureza racial e de gênero”, diz Ireuda. “Desse modo, penso que este dia e este prêmio são o mínimo que podemos fazer para reafirmar o nosso posicionamento, mostrar que nós, mulheres negras, estamos aqui, que somos peças fundamentais da história do Brasil e da Bahia. E que lutamos constantemente para melhorar a realidade de todas nós”, completa a vereadora.
História – Maria Felipa de Oliveira foi uma marisqueira e pescadora que viveu na Ilha de Itaparica. Assim como Joana Angélica e Maria Quitéria, ela lutou pela Independência da Bahia. Em 1823, lidero um grupo composto por mais de 200 pessoas, entre as quais estavam índios tupinambás e tapuias, além de outras mulheres negras, nas batalhas contra as tropas portuguesas que atacavam a Ilha. Conta-se que o grupo foi responsável pela queima de pelo menos 40 embarcações portuguesas.
Premiadas 2019
Maria Angela – diretora da Netflix Brasil
Marylda Barbuda – prefeita de Itaparica
Emília Machado – líder comunitária
Maria Gal – atriz e produtora
Naira Gomes – coordenadora da “Marcha do Empoderamento Crespo”
Laura Tita – vereadora de Nazaré
Ana Lúcia Alves – pastora
Roseni Barbosa – vereadora de Rosário do Catete (SE)
Tarsila Alvarindo – jornalista
Joyce Lima – vereadora de Madre de Deus
Cristiane Brito (Carvalho Uma) – Guarda Municipal de Salvador
Edeilza Santos – assessora parlamentar
Genivaldete Santos – presidente do Ivecan
Maria do Amparo – primeira mestre de obras da Bahia
Fabiana Campos – garota-propaganda da campanha “Meu corpo não é sua fantasia”
Maria Orge – empresária
Sheila Barbosa – capitã da Polícia Militar
Fátima Barbosa – gestora de serviços urbanos
Deborah Medeiros – primeira psicóloga a servir na Unidade Integrada de Saúde Mental (UISM)
Rita Brito – coordenadora do movimento Novas Felipas