O câncer de pele é o mais comum no Brasil, respondendo por cerca de 33% de todos os diagnósticos da doença, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). O tipo não melanoma, que surge nas células basais ou nas escamosas, é um dos mais incidentes, com cerca de 185 mil novos casos por ano, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
“Em um país tropical como o Brasil, com alta incidência solar durante todo ano, a doença é mais frequente. Histórico familiar, pessoas de pele e olhos claros e o excesso de exposição solar sem proteção adequada, são fatores de risco para o câncer de pele”, destaca Gisele Abud, diretora Técnica da Unidade de Pronto Atendimento 24h (UPA) Zona Leste, em Santos.
A unidade pertence a rede pública de saúde da Prefeitura de Santos, sendo gerenciada pela entidade filantrópica Pró-Saúde, está localizada na região litorânea do estado de São Paulo e atua como referência para urgências em Clínica Médica, Ortopedia, Pediatria e Odontologia.
“Neste período de verão e férias, além do alto fluxo de turistas, temos também mais pessoas realizando esportes e atividades ao ar livre, com maior exposição ao sol. Por isso, precisamos falar sobre a prevenção”, ressalta a diretora. Neste mês acontece nacionalmente a campanha Dezembro Laranja, organizada pela SBD, que busca promover a conscientização sobre os riscos da doença e reforçar as orientações sobre cuidados adequados.
Apesar da prevenção do câncer de pele consistir em cuidados básicos com a pele, grande parte da população não se protege, ou não sabe como se proteger. De acordo com a última pesquisa do Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele, realizada em 2017, 70% dos brasileiros não usam protetor solar diariamente, e 80% dos que usam o produto, não sabem a quantidade correta para aplicação.
“É importante ressaltar que os danos causados pelo sol são acumulativos. Portanto, ao longo do tempo, quanto mais frequente e duradoura é a exposição, maior a possibilidade de surgir manchas na pele, envelhecimento precoce e tumores malignos”, explica Gisele.
Medidas de prevenção
Evitar a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV são as melhores formas de prevenção aos tipos de câncer cutâneo. Pessoas que possuem antecedentes familiares com histórico de câncer de pele, queimaduras solares e muitas pintas devem ter atenção redobrada aos seguintes cuidados:
- Use protetor solar com FPS mínimo de 30;
- Utilize filtros solares diariamente, aplicando o produto pela manhã e antes do horário de almoço;
- Evite a exposição solar entre 10 e 16 horas;
- Na praia ou na piscina, use barracas de algodão ou lona que absorvem 50% da radiação ultravioleta;
- Use chapéus de abas largas, óculos escuros e camisetas;
- Proteja bebês e crianças do sol, o protetor pode ser usado a partir dos seis meses.
Atenção aos sintomas
“Por ser menos agressivo e ter alto índice de cura, é importante prestar atenção aos sintomas do câncer não melanoma, para realização do diagnóstico precoce. Clinicamente, esse tipo de câncer se manifesta por lesões vermelhas que formam ‘cascas’, feridas que não cicatrizam ou tumores róseos pequenos”, alerta Gisele.
Apenas a avaliação de um especialista, ou uma biópsia, podem diagnosticar a doença, entretanto, é necessário atenção a outros sintomas, como:
- Pintas pretas ou castanhas que mudam de cor, textura, tamanho e tornam-se irregulares nas bordas;
- Manchas ou feridas que não cicatrizam e continuam crescendo, apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento;
- Em casos em que o câncer avançou, pode-se observar nódulos na pele, inchaço nos gânglios linfáticos (região do pescoço, axila e virilha), falta de ar ou tosse, dores abdominais e dores de cabeça.
“Há alguns fatores que ajudam a identificar cânceres perigosos. Tumores malignos são assimétricos, com borda irregular, superiores a 0.5 centímetros, apresentam mais de dois tons e crescem ao longo do tempo”, explica a profissional.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia destaca que nenhum exame caseiro substitui a avaliação médica. Por isso, é importante realizar consultas periódicas com dermatologistas e, ao identificar qualquer sintoma, é necessário procurar ajuda médica.