Era um domingo de manhã, quando a moradora de Belo Horizonte Ana Paula Oliveira, de 37 anos, desesperada por estar sem comer desde quinta-feira à tarde, fez um anúncio no facebook: “limpo sua casa a troco de uma refeição“. A história ganhou visibilidade e chocou internautas. Entretanto, o caso não é único.
Dados mais recentes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (Fao), divulgados este ano, mostram que 5,2 milhões de pessoas no Brasil não tiveram alimentos suficientespara satisfazer suas necessidades energéticas entre 2015 e 2017.
— Geralmente, eu tinha ajuda de algumas pessoas. Mas isso vai gerando uma situação de impotência, de revolta…Você não consegue nem se sustentar! Queria uma forma de ganhar dinheiro que fosse digna, sem precisar mendigar — lamenta Ana Paula.
Em um cenário de 13,1 milhões de desempregados, a belo-horizontina é mais uma que tenta, de todas as formas, encontrar uma maneira de pagar suas despesas básicas. Antes de perder o emprego em 2013, trabalhou como auxiliar de escritório, operadora de telemarketing, entre outras funções. Em 2014, esteve em situação de rua, morou em um abrigo e teve um filho. Com a ajuda de uma igreja, conseguiu um lugar para morar, mas perdeu a guarda da criança, que hoje mora com parentes. No mercado informal, atuou como ambulante, fez panfletagem e até compôs músicas evangélicas. Mas as vagas de freelancer deixaram de aparecer e a rotina ficou mais difícil. Ela acredita que, apesar de ter formação no Ensino Médio e curso de informática, não consegue uma recolocação por causa da idade:
— O nível de preparo que eu tenho, os jovens também já têm. Em uma selação, com a sala lotada de pessoas mais novas, eu acabo não sendo escolhida.
Depois da publicação na rede social, ela conseguiu fechar três faxinas, como diarista, ganhando entre R$ 70 e R$ 120. Entretanto, a tão sonhada vaga formal ainda não apareceu.
— Meu sonho é ter meu filho de volta comigo. Pra isso, preciso de um emprego estável — diz.
Fontes: extra.globo