Um debate sobre o impacto das mudanças climáticas na preservação marinha marcou o retorno do Laje Talks, evento promovido pela Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis) no terraço da sede do órgão, no Comércio, na última terça-feira (7). A edição integrou a programação do Ambientaliza Salvador, iniciativa da Prefeitura para celebrar a Semana do Meio Ambiente.
O encontro foi mediado pela titular da Secis, Marcelle Moraes, e contou com as exposições de Camilla Caricchio, oceanógrafa e capitã-tenente da Marinha; Gustavo Rodamillans, coordenador do Projeto Baleia Jubarte; Arthur Machado, coordenador do curso de oceanografia da Universidade Federal da Bahia (Ufba); Ícaro Moreira, biólogo e professor do departamento de Engenharia Ambiental da Ufba; Bernardo Mussi, surfista e mergulhado do Projeto Fundo da Folia; e Nathalia Berchieri, bióloga e pesquisadora do Projeto Tamar.
“O objetivo do encontro é discutir os efeitos das mudanças climáticas nos mares e oceanos. Estamos na Década do Oceano, cujo dia é celebrado nesta quarta (8). Somos Secis verde e azul porque precisamos mudar conceitos e hábitos pequenos para produzir grandes ações na preservação da vida marinha. O reflexo da degradação já está acontecendo, com alagamentos e enchentes”, alertou Marcelle.
O projeto dos Parques Marinhos da capital baiana também foi ressaltado no evento – além da Barra, já implantado, também está em andamento o da Cidade Baixa. Os parques são unidades de conservação e também equipamento público de lazer e sustentabilidade para os cidadãos e turistas, aproximando a população do ambiente marinho.
Já Camila Caricchio destacou a atuação da Marinha no cuidado da poluição hídrica, através do Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar. “Nós realizamos mutirões de limpeza e ações de conscientização de aquaviários, pescadores e da sociedade civil para separar lixo a bordo e evitar o descarte indevido de resíduos no ambiente marinho. No último World Clean Up Day, por exemplo, recolhemos oito toneladas de lixo no Farol da Barra, em parceria com a Secis”, sublinhou.
Natalia Berchieri, por sua vez, chamou atenção para o trabalho do Projeto Tamar na conservação da vida e da reprodução das tartarugas marinhas. “São cinco espécies de tartarugas que se reproduzem no litoral brasileiro e todas estão em extinção. Com o esforço pioneiro do Tamar e dos demais agentes ambientais, reduzimos a coleta dos ovos e o consumo da carne das tartarugas nos últimos 40 anos. Mas ainda precisamos evitar que as praias sejam muradas, pois são nelas que os ovos são depositados, e que a temperatura da água aumente excessivamente, o que resulta no desequilíbrio da geração dessa espécie, com o nascimento desproporcional de fêmeas”, elucidou.