Até 1,2 milhão de crianças podem morrer de causas evitáveis nos próximos seis meses, conforme as agências de saúde diminuem os serviços de rotina para focar na pandemia mundial de coronavírus, alerta um novo estudo publicado no The Lancet Global Health. Pesquisadores da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, em Baltimore, nos Estados Unidos, avaliaram o efeito indireto da pandemia sobre mortes evitáveis em crianças de 5 anos ou menos em 118 países de baixa e média renda.
Para isso, os pesquisadores criaram três projeções diferentes, baseadas em reduções variadas nos serviços de saúde como vacinas, pré-natal e planejamento familiar. A cada seis meses, cerca de 2,5 milhões de crianças morrem antes dos 5 anos de idade nesses países, segundo o Unicef. Nosso cenário menos grave, ao longo de 6 meses, seriam 253 mil mortes de crianças e 12 mil mortes maternas a mais. No cenário mais grave, seriam 1,157 milhão mortes infantis e 56 mil mortes maternas adicionais. Essas mortes adicionais representariam um aumento de 9,8% a 44,7% nas mortes de crianças menores de 5 anos por mês e um aumento de 8,3% a 38,6% nas mortes maternas por mês nos 118 países.
Segundo os cientistas, em meio à pandemia, profissionais de saúde, equipamentos e instalações foram transferidos para atender ao afluxo de pacientes com Covid-19. Eles alertam ainda que a reestruturação do sistema de saúde pode resultar no fechamento de unidades de saúde periféricas, além do fato de que campanha de vacinação estão sendo pausadas ou reduzidas em escala. Assim como a cadeia global de suprimentos médicos e farmacêuticos. Os pesquisadores alertam ainda que as estimativas são baseadas em suposições preliminares e representam uma ampla gama de resultados, no entanto, mostram que, “se os cuidados de saúde de rotina forem interrompidos e o acesso a alimentos for diminuído (como resultado de choques inevitáveis, colapso do sistema de saúde ou escolhas intencionais feitas em resposta à pandemia), o aumento nas mortes infantis e maternas será devastador”. “Esperamos que esses números adicionem contexto à medida que os formuladores de políticas estabelecem diretrizes e alocam recursos nos próximos dias e meses”, afirma o artigo.
Fonte: Revista Crescer G1