Uma experiência educacional envolvendo estudantes do Colégio Estadual Professora Noêmia Rêgo, no bairro de Valéria, em Salvador, foi selecionada para ser apresentada no II Congresso Iberoamericano de Biogeografia, que acontece em conjunto com o XIII Congresso Espanhol de Biogeografia, em novembro, na cidade de São Paulo. Trata-se do projeto “Aulas de campo, pra quê te quero?”, que tem como proposta conduzir os alunos a espaços e circunstâncias que promovam ensino e aprendizagem de uma forma diferenciada e produtiva, focada na formação cidadã da comunidade estudantil da unidade escolar.
O professor de Geografia, Luciano de Almeida Lopesi, explica que o projeto consiste em atividades de campo agregadas de relatos escrito ou de vídeo; fichas de observação; redação; questionários; e pesquisas, dentre outras ações pedagógicas com foco geográfico. O docente acredita que mais de dois mil estudantes já tenham participado do trabalho, iniciado em 2006.
“Nesses anos todos, tenho posto em prática as aulas de campo. Em 2010, por exemplo, estudantes do 2º e 3º ano do Ensino Médio foram conduzidos para os municípios de Cachoeira do Paraguaçu e São Félix do Paraguaçu. No ano seguinte, outros foram para Lençóis e Palmeiras, para que pudessem compreender a diversidade da paisagem”, relata o docente.
Os estudantes Sabrina Almeida Conceição, 16 anos, e Hugo Vinícius de Moura Correia, 15 anos, ambos do 1º ano do Ensino Médio, já participaram de diversas aulas de campo do projeto. Esta semana, inclusive, eles visitaram o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), em uma parceria da instituição com a Secretaria da Educação do Estado (SEC) e a Fundação Luís Eduardo Magalhães.
“Esta forma mais visual e presencial de obter conhecimentos é mais interessante. Consigo aprender bastante, o que ajuda no meu aprendizado em sala de aula, melhorando meu rendimento escolar”, considera Hugo.
Sabrina completa: “aprender com as aulas de campo é mais inovador e criativo. E o conhecimento que adquirimos podemos passar para familiares e amigos, que podem se sentir atraídos a visitarem espaços como este, que contam histórias importantes da nossa cultura, das artes, da vida humana”.
O projeto “Aulas de campo, pra quê te quero?” proporciona atividades no perímetro urbano e fora deste, como é o caso da área do 19º Batalhão de Caçadores, em Mata do Cascão, que é um fragmento de mata atlântica situada nos limites soteropolitanos. O professor Luciano conta que são realizadas trilhas, bem como a observação do uso do solo e do papel geossistêmico desempenhado pela região visitada.
“Também já visitamos o prédio-sede e o Núcleo de Memória e Biblioteca Hertha da Odebrecht, bem como participamos das três edições do Concurso Redação Ecológica da empresa, com quatro estudantes nossos premiados. Já estivemos, ainda, no Conjunto da Caixa Cultural, Centro Cultural dos Correios, Planetário Municipal de Feira de Santana, Museu Geológico da Bahia, Projeto Tamar e na Reserva de Sapiranga, entre outros tantos espaços”, enumera.
Passeios como os citados estão na memória afetiva da ex-estudante do Noêmia Rêgo, Vitória Almeida dos Santos. Ela conta que foi em 2017, quando cursava o 2º ano na unidade escolar, sua primeira participação no “Aulas de campo, pra quê te quero?”.
“Foi muito importante a experiência, porque em uma visita ao Centro Histórico de Salvador, por exemplo, despertou em mim o interesse em ter mais conhecimentos sobre a nossa cultura, a nossa história de raiz africana. Curiosamente, não tinha muito interesse em História, mas o projeto fez com que eu compreendesse a importância desta disciplina, bem como de Geografia. Aprofundei nessas áreas, fiz curso técnico e, hoje, nove anos depois daquele passeio, estou trabalhando como guia turística. Espero me desenvolver cada ano mais e mais”, afirmou.
Fonte: Ascom/SEC