Até o dia 14 de junho, os mais de 1 bilhão de muçulmanos de todo o mundo celebram o Ramadã, o nono do calendário lunar islâmico, período que os seguidores da religião não se alimentam nem bebem água do nascer ao pôr do sol. Em Salvador, muitos enfrentam o preconceito e as diferenças culturais para seguir a fé.
Estima-se que a população muçulmana brasileira já some cerca de 800 mil praticantes. Na Bahia, cerca de 750 pessoas seguem a religião, conforme dados do Centro Cultural Islâmico da Bahia.
O músico Ricardo Brito celebra seu primeiro Ramadã este ano e reflete sobre a forma como a religião é vista. “A Bahia tem muito preconceito, não só as pessoas como as instituições, quando comecei a estudar sobre a religião e fui em livrarias aqui da cidade, não achei um livro falando do islã. Existe uma certa restrição com o Islã aqui”, denuncia.
Ao longo dos 29 dias, de 16 de maio a 14 de junho, os fiéis também realizam, além das usuais cinco orações diárias, uma prece voluntária especial ao fim do dia, conforme explica o sheik Abdul Hameed Ahmad, líder religioso do Centro Cultural Islâmico da Bahia. Abdul ressalta que a data não se resume ao jejum. “Não é apenas não comer ou beber, devemos também não ter pensamentos ou ações raivosas, praticar a empatia e o amor ao próximo. Refletir sobre nossas ações”, salienta.
Ricardo conta que não teve dificuldade com o jejum, mas sim com a questão psicológica. “Nem sempre conseguimos evitar de ter raiva do outro, pensar de forma positiva. Isso é o mais difícil. Mas graças a Deus, até hoje tenho, tenho conseguido me controlar”, relata.
Ele, que além da música, também produz paçocas integrais, confessa a tentação que é trabalhar com comida enquanto só fez uma refeição no dia. “Fico tentando produzir e sentindo o cheiro, mas nada que não dê pra controlar. A gente busca força na fé, já que o jejum é um dos pilares do islã. É uma forma de devoção também”, esclarece.
Ramadã se encerra com a maior festividade do calendário muçulmano, a Eid al-Fitr. Durante a data, muitos muçulmanos aproveitam para visitar os familiares e celebrar o final do mês sagrado.