“Soteropolitano de alma e coração”, foi como a vereadora Marta Rodrigues (PT) definiu o jornalista Flávio Gonçalves, diretor-geral do Instituto de Radiodifusão Educativa do Estado da Bahia (IRDEB), ao homenageá-lo na Câmara Municipal com o Título de Cidadão de Salvador. A entrega da honraria, na noite desta quarta-feira (28), foi presidida pelo vereador Leo Prates (DEM), presidente da Casa, que agradeceu o empenho de Flávio para cumprir o desafio de implantar a rede integrada de comunicação da Câmara.
Tanto Prates quanto o presidente eleito para o próximo biênio na Câmara, vereador Geraldo Júnior (SD), fizeram questão de destacar a contribuição do diretor-geral do Irdeb para a concretização desse processo, que culminará com a entrada no ar, até dia 20 de dezembro, da Rádio Câmara de Salvador, a primeira do poder Legislativo no Nordeste brasileiro.
Segundo a vereadora Marta, a concessão do Título foi também uma forma de reconhecer a postura profissional do jornalista, comprometida com a democratização dos meios de comunicação. “Flávio tem a consciência de que a verdadeira democratização não se faz apenas com a pluralidade da mídia, mas principalmente com a participação de todos os cidadãos. Isso o Irdeb tem feito muito bem”, ressaltou.
E observou: “O controle dos conglomerados de comunicação no Brasil está nas mãos de poucas famílias que detêm esse mercado e, portanto, está a serviço da classe hegemônica e elitizada”.
Racismo
Natural de Cachoeiro de Itapemirim (ES), Flávio Gonçalves é formado pela Universidade Federal do Espírito Santo e mestre em Políticas de Comunicação e Cultura pela Universidade de Brasília. “É preciso ter muita sensibilidade para sentir Salvador e nossa cultura, nossas peculiaridades, nossas características. Flávio consegue captar muito bem quem nós somos”, declarou Marta Rodrigues.
A vereadora destacou que a TVE e a Rádio Educadora assumiram junto à ONU, sob o comando de Flávio Gonçalves, o compromisso de serem as Emissoras da Década Internacional Afrodescendente na Bahia, exibindo filmes, entrevistas, eventos, shows e reportagens que combatem o racismo e promovem a igualdade racial.
Ela frisou, ainda, que desde 2016, quando foi nomeado para a direção-geral da TVE e da Rádio Educadora, o jornalista tem ampliado a repercussão de conteúdos que valorizam a Bahia, a exemplo de shows de artistas baianos, transmissão de campeonatos que não tinham visibilidade na TV, cobertura do Carnaval, do São João e festas populares como Lavagem do Bonfim e Iemajá.
O novo cidadão soteropolitano classificou o merecimento do título como “um agradecimento à história dessas empresas, aos 40 anos da Rádio Educadora e 33 da TVE, um patrimônio da diversidade, da democracia baiana”. Flávio Gonçalves falou sobre a riqueza cultural da Bahia e chamou atenção para a contribuição do Irdeb na difusão desse potencial.
“O Irdeb é um espaço de representação dessa diversidade. Temos que continuar sendo referência de comunicação pública, porque isso também é resistência. E vamos precisar resistir muito para que a TV pública continue no Brasil”, disse Flávio Gonçalves.
O homenageado foi conduzido ao Plenário Cosme de Farias pelas vereadoras Marta Rodrigues e Aladilce Souza (PCdoB), pelo vereador Geraldo Júnior e pela ex-vereadora e deputada eleita Olívia Santana.
Compuseram a mesa da sessão solene, ainda, o deputado estadual Marcelino Galo; o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Gerônimo Rodrigues, representando o governador Rui Costa; a secretária estadual de Cultura, Arany Santana; a ex-primeira dama do Estado, Fátima Mendonça; a Ebomi Sandra Bispo, da Casa de Oxumaré, que fez uma saudação agradecendo pela programação da TV “com a nossa cara”; e a mãe do jornalista, Tânia Gonçalves.
Em nome dos amigos falaram a chefe de gabinete do Irdeb, Camila Vieira, Bráulio Ribeiro, da diretoria de Operações do Irdeb, e Maíra Kubic, que destacaram a luta de Flávio em defesa da comunicação pública. Este também foi o tom do vídeo exibido com depoimentos dos jornalistas Tereza Cruvinel e Bob Fernandes, parabenizando-o pelo envolvimento com a democratização das comunicações.
A parte cultural ficou por conta de Negra Jôh, do cantor Paulo Marcos acompanhado da Companhia de Dança Tradições, da Cia da Mata, da drag Valerie Orarah e do Cortejo Afro.