Fundada em 1945, com objetivo de preservar, valorizar e expandir a cultura africana-brasileira, o primeiro bloco afro do Brasil, o Ilê Aiyê, teve na noite de terça-feira (13), Plenário Cosme de Farias da Câmara de Salvador, uma sessão especial para celebrar os 45 anos de existência da organização. A atividade foi dirigida pelo vereador Moisés Rocha (PT).
“O bloco é uma ferramenta e entidade do movimento negro. Temos que aprofundar nos discursos, músicas e poesias, para que possamos instrumentalizar nossa luta contra o racismo. As ferramentas já estão postas, há 45 anos são debatidos temas que mexem com nossa cabeça e valorizam a autoestima e nossa história”, afirmou o vereador.
Moisés Rocha também diz que o atual contexto político é de tempos difíceis, marcado pela intolerância. “Avançamos em muitos direitos fundamentais, porém não é o suficiente. Devemos aumentar a força e intensificar nossas lutas e atividades contra o racismo, afim de alcançar novos e maiores benefícios aos negros em nossa sociedade”.
Para a secretaria de Cultura do Estado da Bahia, Arany Santana, o legado do Ilê Ayiê é de cultura e de resistência. “A geração contemporânea não tem ideia das discriminações que passamos. Enfrentamos tempos difíceis durante a ditadura, era preciso ter muita garra para ser negro de fato, não somente no discurso”.
“Estamos para homenagear ‘O Mais Belo dos Belos’ pela sua resistência e mensagem da luta antirracista. Estou profundamente feliz pois nossos corações batem aos sons dos tambores do Ile Aiyê. Uma noite festiva para celebrarmos o legado de toda produção cultural, pois as letras são dotadas de pedagogia e de formação”, declara a secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis.
“Eu posso dizer que tenho experiência com o Ilê desde os 12 anos de idade. O bloco alimenta a nossa autoestima, é o espaço de reinvenção da nossa negritude. O bloco mostrou que não precisamos esconder os nossos cabelos. Podemos e devemos manter a nossa estética” afirma a deputada estadual eleita, Olívia Santana (PCdoB).
“Temos que parabenizar a diretoria inicial do grupo e a atual. Quero agradecer a todos os componentes administrativos pois são responsáveis por levar adiante o trabalho. Além disso quero deixar o questionamento de que o Carnaval de Salvador precisa pensar melhor sobre a questão da negritude”, disse o fundador e presidente do bloco afro Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos.
A atividade contou com a performance artística de voz e violão da cantora Zene Ramos e do músico Raimundo Nova. Participaram da mesa de trabalho o vereador Geraldo Júnior (SD), vereador Suíca (PT), o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT) e o deputado estadual eleito Jacó (PT). Os vereadores Odiosvaldo Vigas (PDT) e Marta Rodrigues (PT) também prestigiaram a sessão.