Em uma ação que pretende mostrar que o botijão do gás de cozinha de 13 kilos pode ser vendido ao consumidor a um preço justo, o Sindipetro Bahia vai custear 300 botijões de gás, que serão vendidos à população pelo valor de R$ 50,00, cerca de 24% mais baixo do que a média do preço cobrado pelo produto, que segundo o Sindgás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo), em 02/12 tinha o preço médio de R$ 62,90, chegando ao preço máximo de R$ 85,00 em alguns bairros de Salvador. Desses botijões, 200 serão vendidos em Salvador, às 8h, no Vale da Muriçoca, na federação (Rua Sérgio de Carvalho 659), para as primeiras 200 pessoas que chegarem ao local, levando o comprovante de residência. Só será vendido um botijão por família. A mesma ação será realizada na cidade de Alagoinhas, na distribuidora Supergasbras, localizada no bairro de Santa Terezinha, onde serão vendidos, às 8h, 100 botijões de gás, valendo para a compra a mesma regra aplicada em Salvador.
O movimento pretende mostrar que é possível vender o gás de cozinha levando-se em consideração o custo de produção nacional, mantendo o lucro das distribuidoras, revendedoras, da Petrobras e a arrecadação dos impostos dos estados e municípios. Desde 2016, a Petrobras vem sendo gerida como se fosse uma empresa privada e caminha a passos largos para a privatização de fato. Uma das principais mudanças que afetaram a população brasileira foi a alteração da política de preços da empresa que passou a acompanhar o preço internacional do barril do petróleo e a variação do dólar, desencadeando aumentos sucessivos, que já chegaram a ser diários, da gasolina, diesel e gás de cozinha, sem haver nenhuma proteção ao consumidor. Hoje o preço do gás de cozinha tem como referência o preço cobrado internacionalmente, incluídos diversos custos como frete marítimo, transporte interno e uma margem para riscos da operação. O governo federal podia intervir ou subsidiar esses produtos, mantendo ainda uma larga margem de lucro para a Petrobras, que tem como objetivo privilegiar os acionistas privados da empresa, além das revendedoras e distribuidoras, mas optou por não fazer. A cadeia de formação do preço final do botijão de GLP passa por várias etapas, (distribuição ou revenda, ICMS, PIS/PASEP e realização da Petrobras), sendo assim qualquer alteração, em pelo menos uma delas, terá reflexos, para mais ou para menos, nos preços para o consumidor final. Com a mudança na sua política de preços, a Petrobras vem mexendo nessa cadeia de forma recorrente. Ao subir constantemente o preço do metro cúbico do gás em suas refinarias, a empresa impulsiona o aumento do produto para o consumidor final. “Na prática, o consumidor brasileiro, apesar de ganhar em real, está pagando o gás de cozinha, gasolina e diesel em dólar”, afirma o diretor de comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa. Preços tendem a aumentar ainda mais com venda das refinarias A atual gestão da Petrobrás está vendendo várias unidades da empresa, optando por se retirar de negócios lucrativos e que garantem a soberania do país, a exemplo das áreas de refino e fertilizante. As distribuidoras de combustíveis (BR e Liguigás) já foram privatizadas. A FAFEN foi arrendada. O edifício Torre Pituba, onde funciona a sede administrativa da empresa, está sendo desmobilizado, a PBIO está à venda, assim como muitas unidades dos Campos Terrestres. A fase vinculante referente à primeira etapa de venda das refinarias já foi anunciada pela Petrobras no dia 22/11. Nessa primeira etapa foram oferecidas ao mercado as unidades Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; Landulpho Alves (Rlam), na Bahia; Presidente Getúlio Vargas (Repar) no Paraná; e Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul. Com o anúncio, a atual gestão da estatal intensifica seu plano de desinvestimento, ou, traduzindo de forma correta, o processo de privatização e desmonte do Sistema Petrobras. Com a venda da Rlam e da Transpetro, com seus quatro terminais de armazenamento e um conjunto de oleodutos totalizando 669 km, a tendência é que os preços dos derivados de petróleo aumentem ainda mais. É contra essa política que a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Sindipetro Bahia estão lutando. Em 2014, quando o barril do petróleo valia 100 dólares, o litro da gasolina custava R$ 2,40. Hoje, o preço médio do barril é de US$ 70 e o litro da gasolina já chega a R$ 5,00. Para o Sindipetro “com a privatização das refinarias a situação tende a piorar. Muita gente não vai poder comprar o botijão de gás e quem tem carro vai ter de vender ou deixar na garagem”.