O Território Sertão do São Francisco vivencia um novo capítulo na luta contra a fome. A primeira formação do projeto Ater Bahia Sem Fome, realizada no Centro de Formação Dom José Rodrigues, do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), reúne profissionais para fortalecer a assistência técnica e extensão rural na região. A capacitação, que começou no dia 17 e vai até esta sexta-feira (20 de setembro), marca o início de uma nova etapa no combate à insegurança alimentar grave no Semiárido baiano.
O projeto Ater Bahia Sem Fome, uma iniciativa do Governo do Estado da Bahia, tem como objetivo principal garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias em situação de vulnerabilidade, especialmente aquelas que vivem no campo. A formação, que abordou temas como a metodologia do projeto, a busca ativa e transversalidade com assistência social e o Sistema Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), visa qualificar os técnicos para atuarem de forma mais eficiente na Ater pública.
Tiago Pereira, coordenador do programa Bahia Sem Fome, destacou a importância da parceria com o Irpaa e a necessidade de ir além das ações assistenciais. “É impossível sair do Mapa da Fome só com ações assistenciais, com o alimento pronto, a cesta básica. Nós precisamos ter portas de saída que permitam o trabalho, a geração de renda, e os serviços de Ater podem contribuir na articulação de oportunidades frente aos desafios em que vive a população em situação de vulnerabilidade”, afirmou. Pereira ressalta, ainda, os desafios da região, como o déficit hídrico, o minifúndio e o analfabetismo, e a importância de um trabalho contínuo e integrado para superá-los.
José Moacir dos Santos, técnico agrícola e presidente do Irpaa, destacou a importância do projeto em alcançar as famílias mais vulneráveis: “esse projeto vem dialogar com as outras ações que o Irpaa já desenvolve, no sentido de identificar as pessoas mais vulneráveis. Essa é a oportunidade que a gente tem de ir até os mais empobrecidos do Semiárido. A partir daí, a gente pode melhorar ainda mais a nossa forma de atuação para continuar alcançando essas pessoas que muitas vezes ficam além da capacidade que a gente tem de acompanhar”.
Durante a formação, no turno da tarde, a nutricionista Jainei Cardoso, do programa Bahia Sem Fome (BSF), explicou a relação entre a assistência técnica rural e a segurança alimentar: “a assistência técnica rural em uma comunidade está dentro de um contexto muito maior na garantia do direito humano à alimentação. […] Para ter comida, precisa ter quem produz, e quem produz são os agricultores familiares.” A formação representa um passo importante para o fortalecimento da Rede de Equipamentos Integrados para o Combate à Fome no Sertão do São Francisco, sob coordenação do Governo do Estado, através do BSF.
Com os técnicos qualificados, o projeto Ater Bahia Sem Fome espera alcançar um número cada vez maior de famílias, promovendo a segurança alimentar e nutricional e contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região. A assistente social Aline Sales, do município de Remanso, destacou a importância da articulação entre a assistência social e o Bahia Sem Fome para alcançar as famílias mais vulneráveis: “cada Cras [Centro de Referência de Assistência Social] no nosso município tem 3.500 famílias vinculadas. A ideia é que a gente alcance as populações de territórios mais distantes e que às vezes não têm acesso nem sabem, não têm conhecimento dessa política. Então, o programa vem para alcançar essa população que muitas vezes fica isolada”.
Os próximos passos incluem a implementação das ações do projeto nos municípios, a realização de visitas técnicas aos agricultores familiares e o desenvolvimento de atividades produtivas. A expectativa é que o Ater Bahia Sem Fome se torne um modelo de sucesso para outras regiões do país.
Fonte: Ascom/BSF