Atendendo ao requerimento do deputado Bacelar (Podemos/BA), o ministro Milton Ribeiro compareceu, nesta quarta-feira (9/6), à Comissão de Educação da Câmara para prestar esclarecimentos sobre o Enade 2019. Ao ser questionado sobre mais detalhes do caso, ele não respondeu.
“Por que só após o caso ter vindo à tona pela imprensa e quatro meses depois de o processo ter sido encerrado pelo MEC, o Inep enfim mandou o caso para o Ministério Público Federal? Se tudo foi técnico, por que só agora o caso teve esse andamento, que estava previsto também em outubro?” questionou Bacelar.
Uma matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo revelou que o ministro atuou nos bastidores em favor da Unifil de Londrina. A fraude teria ocorrido no curso de biomedicina da Unifil a partir do vazamento da avaliação do ensino superior. Investigação do Inep concluiu haver fortes indícios de fraude após a coordenadora da graduação ter tido acesso à prova e às respostas com antecedência. O Centro Universitário é presbiteriano, assim como o ministro, que é pastor.
Bacelar também questionou Milton Ribeiro sobre as recentes declarações em que teria defendido castigo físicos para crianças e dito que gays são fruto de famílias desajustadas e da ausência do pai. “Senhor ministro, estamos em pleno século 21, e um Ministro de Estado que tenha a mentalidade tão atrasada, conservadora, praticando bullying? O MEC é a principal pasta do país e seu representante precisa ter postura. Declarações que incitam a intolerância, o desrespeito e a homofobia não devem ser toleradas”.
O ministro pediu desculpas e reconheceu o erro, mas em seguida disse que o Enem só deve avaliar questões técnicas e não religiosas. “Sou um religioso e eu já pedi desculpas. Já reconheci publicamente que ultrapassei algumas barreiras. Me desculpo pelo que falei e registro meu respeito a toda e qualquer orientação. Já orientei o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais] para que a prova tenha caráter técnico, sem vieses ideológico ou partidário de quaisquer matizes. Todos nós temos uma ideologia. O que eu questiono é esse ou aquele grupo tentar impor a sua ao outro.”
Bacelar considerou grave que o ministro tenha cogitado ter acesso prévio ao conteúdo e às questões do Enem para controlar esses conteúdos. “Isso se chama censura”, disse.