A alergia ocular afeta 20% da população e, frequentemente, está associada à rinite. A coceira nos olhos é o sintoma mais característico de alergia ocular, acompanhada de lacrimejamento e que afeta, consideravelmente, a rotina do paciente.
Na maioria dos casos, os sintomas são leves. Porém, a alergia ocular pode ser subdiagnosticada e confundida com outras doenças como a asma e a dermatite atópica. Quando persistente, pode levar a complicações mais graves como úlceras oculares, ceratites da córnea, ceratocone e até mesmo distúrbios visuais permanentes.
A Dra. Elizabeth Mercer Mourão, Coordenadora do Departamento de Alergia Ocular da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), conta que os sintomas oculares podem afetar o estado mental, funcional, físico e social dos pacientes. “Crianças e adolescentes apresentam queda no rendimento escolar, restrição de atividades esportivas, de lazer e sociais. Adolescentes ainda podem sofrer com baixa autoestima e apresentar distúrbios emocionais como depressão e ansiedade”, comenta a especialista.
Disfunção do filme lacrimal ou olho seco está constantemente associado à alergia ocular, principalmente em adultos, que podem se queixar de prejuízos no sono e nas atividades de trabalho, com queda na produtividade.
O diagnóstico da alergia ocular é clínico, baseado no aparecimento dos sintomas, com a exposição de alérgenos de ácaros, pólens e epitélio (pelos de animais domésticos). “Para diferenciar as formas crônicas, é essencial examinar a conjuntiva tarsal superior, os papilos gigantes, a região do limbo para visualizar os nódulos de Horner-Trantas e a presença de muco gelatinoso, que são as características de alergia ocular”, especifica Dra. Elizabeth.
Fotofobia intensa e dor ocular são sinais de alerta e representam emergência médica, segundo a médica. “Esses pacientes precisam ser encaminhados imediatamente para o serviço de emergência para serem examinados por um oftalmologista”, orienta a Coordenadora do Departamento Científico da ASBAI.
Tratamento – O controle ambiental, como não acumular pó e trocar as roupas de cama periodicamente, faz parte do tratamento da alergia ocular. Quando os sintomas não desaparecem, Dra. Elizabeth explica que é indicado o uso de colírios anti-histamínicos e estabilizadores de mastócitos. Em casos persistentes ou graves, corticoides e imunossupressores tópicos podem ser necessários.
“Muito importante lembrar da hipertensão intraocular e o aparecimento de glaucoma com o uso frequente e exagerado de corticoides tópicos, alerta a especialista da ASBAI.
Dra. Elizabeth explica ainda que a imunoterapia está indicada para o tratamento da alergia ocular após ser realizado um teste de provocação conjuntival positivo, mesmo que os testes alérgicos na pele e no sangue sejam negativos e exista história clínica e familiar de alergia.
Sobre a ASBAI
A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cuja missão é promover a educação médica continuada e a difusão de conhecimentos na área de Alergia e Imunologia, fortalecer o exercício profissional com excelência da especialidade de Alergia e Imunologia nas esferas pública e privada e divulgar para a sociedade a importância da prevenção e tratamento de doenças alérgicas e imunodeficiências. Atualmente, a ASBAI tem representações regionais em 21 estados brasileiros.
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