Hoje, a queda está ainda mais acentuada e se encontra nos níveis mais baixos das últimas três décadas, tornando-se ameaça à saúde, especialmente das crianças, já que doenças controladas ou erradicadas, como sarampo e poliomielite, correm o risco de voltar por falta de vacinação.
Para se ter ideia, para que a proteção coletiva seja alcançada é necessário que de 90% a 95% das crianças estejam vacinadas e o que se vê são exemplos preocupantes: em 2021, cerca de 60% das crianças foram vacinadas contra a hepatite B, o tétano, a difteria e a coqueluche; 70%, em média, contra a tuberculose e a paralisia infantil; e 75%, aproximadamente, contra o sarampo, a caxumba e a rubéola.
Esses dados contrastam com índices anteriores a 2015, quando a média da cobertura vacinal chegava até a 100%.
O que aconteceu?
Vários motivos interferiram no comportamento dos pais em relação à vacinação dos seus filhos: o sucesso do PNI pode ter levado à falsa sensação de que essas doenças não existem mais; o horário restrito dos postos de vacinação dificulta o acesso aos imunizantes ; a falta de campanhas publicitárias educativas produzidas pelo Governo (quem não se lembra do Zé Gotinha?) deixam de conscientizar a população.
Nos últimos anos, outros fatores contribuíram para o cenário atual pois, com o avanço da pandemia do Coronavírus e o isolamento social, as famílias ficaram em casa e o programa vacinal infantil foi relegado a segundo plano. Para além disso, as fake news propagadas contra a vacina da Covid-19 acabaram por contaminar a percepção de parte da sociedade sobre a credibilidade e os benefícios das vacinas.
O médico sanitarista Sérgio Zanetta, professor de Saúde Pública e de Epidemiologia do Centro Universitário São Camilo, avalia que “o problema da queda da vacinação não está relacionado à disponibilidade, mas à organização e logística do PNI e de falta de comunicação”.
Ele alerta que a responsabilidade não é apenas do PNI, mas que os Estados e Municípios precisam ter foco na imunização e manter a qualidade do Programa.
O professor do Centro Universitário São Camilo enfatiza que “não pode ter horário para vacinação nas UBSs. Existe um princípio de não perder oportunidade de vacinar. Se chegar uma criança tem que vacinar em qualquer horário do dia e não apenas em um dia determinado da semana, como acontece em alguns lugares”. Para Zanetta, “também é preciso fazer busca ativa das crianças”